O ANIMAL

O narrador da TVI do jogo de futebol de sub-21 que opunha Portugal à Alemanha, a determinada altura referindo-se a um jogador afirmou que este, "tinha um olho no burro e outro no cigano". Não cheguei a perceber qual era o jogador alemão que era cigano. Descortinei apenas que o burro era o próprio narrador e que talvez tenha carteira profissional de jornalista.

UM BOM PRINCÍPIO

Passeava este domingo por terras do Algarve e reparei que muitas vivendas se encontravam fechadas. Sobretudo as casas de gente rica e com poder. Daquela gente que durante o ano nos diz que é preciso rentabilizar. Lembrei-me logo de que não era má ideia ocupar uma delas enquanto se encontrasse disponível. Era já uma forma de rentabilizar. O calor faz-nos mal à cabeça.

DRAMÁTICO

Apesar do início do verão, do sol, do bom tempo, das histórias e das emoções que se aproximam com o Mundial do pontapé na bola, das férias que estão pertinho, a cena que acontecia no écran do cinema transmitia-nos a sensação de aquele povo ali representado estava triste, sobretudo muito frustrado e já sem qualquer réstia de esperança no futuro. O filme era português. Quando terminou e o público saiu da sala, reparou que afinal não tinha assistido a nenhuma ficção. A realidade estava mesmo ali à frente dos olhos.

O POLVO

É claro, ficará tudo na mesma. No debate desta noite do “Prós e Contras” da RTP, Manuel Carrilho, Pacheco Pereira, Emídio Rangel e Ricardo Costa. Percebeu-se que o telhado do estúdio era em vidro. Não vi ali nenhum “santinho”. Mas enfim.
Tema para discussão, o livro de acusações do ex-candidato do Partido Socialista à câmara de Lisboa. Onde ele esteve bem? Quando decidiu ler 3 importantes regras do código de deontologia dos jornalistas. Seria bom que todos eles andassem com essas regras diariamente no bolso, ou melhor, nos cornos. Já todos percebemos que algo vai podre no reino da classe. Eles vão para agencias de comunicação, eles recebem prendas e honorários de grandes empresas, eles trabalham para os grandes grupos económicos e vivem na preocupação constante de a qualquer custo angariar audiências para os seus órgãos de comunicação, eles vão para assessores dos ministros e depois, quando estes deixam de o ser voltam ao jornalismo, eles ajudam os políticos nas suas campanhas eleitorais etc etc. Ideia peregrina de Pacheco Pereira, privatize-se toda a comunicação social. Já cá faltava. Trabalhar num jornal do Pinto Balsemão ou do Joaquim Oliveira faz de um jornalista um profissional sério. Se esse mesmo jornalista for para uma rádio ou televisão estatal essa situação faz dele um homem desonesto. Este gajo é esperto e culto, tem aquele ar de que não faz mal a uma mosca mas aquilo é veneno mortífero de víbora. Só de o ouvir podemos de um momento para o outro ir “desta para melhor”. Mais ainda, Carrilho e Rangel disseram que algo vai mal no jornalismo português, que há interesses estranhos e prejudiciais à democracia mas, o Pacheco só acredita no facto se o deputado do PS apresentar provas. Ou seja, dizem-nos que há por aí em vários sectores da vida portuguesa grandes casos de corrupção mas, como ninguém apresenta provas temos que concluir que afinal não há ou, então o assunto não merece discussão e portanto continuemos a assobiar para o lado. Genial.

BANDEIRA PRETA

Este fim de semana enquanto as mulheres se juntaram no Estádio Nacional para participarem gratuitamente numa campanha publicitária de uma entidade bancária com o pretexto de construir uma bandeira humana em apoio aos craques da bola, Marques Mendes carregou os seus homens para a Póvoa, terra simpática que teve que suportar as amarguras de mais um congresso desinteressante do PSD sem grandes argumentos interessantes para debater. Nas hostes social democratas reina o vazio. Tudo ficou reduzido a um encontro de amiguinhas e amiguinhos e ainda às palavras de Manuela Ferreira Leite que foi dizer que o Partido Socialista estava a imitá-los (ou seja, a praticar as mesmas políticas que o seu próprio partido) e que, por essa razão, a oposição deveria seguir agora outro tipo de estratégia. Quem sabe, talvez incentivar ainda mais José Sócrates. Com um governo destes a direita pode manter-se sossegada pois os seus interesses continuarão a ser devidamente assegurados pelos "macaquinhos de imitação" que um dia decidiram rasgar os princípios socialistas e que estavam guardados há muitos anos numa qualquer gaveta.
Na minha janela também decidi colocar uma bandeira. Negra, uma muito negra.

A SELECÇÃO NACIONAL

Passo a divulgar a lista dos 23 convocados da NOSSA SELECÇÃO:

ANTÓNIO ALEIXO
EUGÉNIO DE ANDRADE
BOCAGE
ANTÓNIO BOTTO
NATÁLIA CORREIA
FLORBELA ESPANCA
ANTÓNIO GEDEÃO
SOEIRO PEREIRA GOMES
HERBERTO HELDER
MÁRIO HENRIQUE LEIRIA
VITORINO NEMÉSIO
ALEXANDRE O´NEILL
FERNANDO ASSIS PACHECO
FERNANDO PESSOA (O CAPITÃO)
EÇA DE QUEIRÓS
JOSÉ RÉGIO
JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS
RAMALHO ORTIGÃO
EDUARDO LOURENÇO
AGOSTINHO DA SILVA
ANTÓNIO BOTTO
LUÍS VAZ DE CAMÕES
SOPHIA DE MELLO BREYNER

Agora venha quem vier. Temos equipa. Ainda deixamos em casa uns putos novos que um dia também farão história. É certo que a maioria dos nossos seleccionados remata mais com o pé esquerdo mas eles são os melhores.

NÃO HÁ CU QUE AGUENTE

Desde que aderimos ao EURO que em Portugal tem sido um autêntico “fartar vilanagem”.
Num grande centro comercial de Lisboa paga-se por uma sopa 2,5 euros numa qualquer lojeca da especialidade. À moda antiga falamos em cerca de 500 paus por uma sopa. Já não existe a sopa dos pobres.
Por falar em pobres, hoje um amigo disse-me que "se a merda valesse dinheiro os pobres teriam nascido sem cu". Talvez.

OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE

Aqui está um título no Diário de Notícias que não acrescenta nada ao que já toda a gente sabe.
CDS, "partido de ricos" afinal tem falta de dinheiro.
Mas os ricos dão alguma coisa a alguém? São ricos porque não dão nem sequer aos amigos, exploram e tiram, salvo raras excecpções.

NO LO CREIO

Na página de anuncios RELAX do Diário de Notícias deparei com um que ditava o seguinte:
"VIAGRA, são comprimidos para impotência masculina, para comprar contacte" e depois um número de telefone particular.
Este tipo de anúncio é permitido? Os jornais podem publicitar ilegalmente a venda de medicamentos sujeitos a receita médica por entidades não autorizadas?

REFORME-SE EM CONDIÇÕES

Como o assunto está na "baila" fui aos arquivos buscar um texto escrito há práticamente um ano no blog (www.naoseaguenta.blog.sapo.pt).
Eles mexem mexem mas quanto mais mexem mais o cheiro se torna nauseabundo. Pensar e decidir sobre as reformas é decidir sobre o futuro. O que se pensa e se decide é um futuro negro para a maioria e bastante risonha para os previligiados de sempre.Qual deveria ser o conceito de reforma? Tão simples como isto: UM MEIO FINANCEIRO DE SUBSISTÊNCIA JUSTO E TRANQUILIZADOR QUANDO ATINGIDA A ADEQUADA IDADE PARA SE DESCANSAR. Nada disto passa pela cabeça dos pensadores e legisladores, ou melhor ainda, até passa e por isso as suas decisões são tomadas em proveito próprio.Se tudo não fosse pensado egoísticamente o estado previdência estaria assegurado e de boa saúde. NÃO HÁ RAZÃO QUE JUSTIFIQUE QUE O VALOR DA REFORMA DE UM QUALQUER CIDADÃO SEJA QUASE SEMELHANTE AO SEU ORDENADO AUFERIDO DURANTE A SUA VIDA PROFISSIONAL. Mesmo que seja garantida por empresas privadas. Estas poderiam canalizar essas verbas para outro tipo de investimentos como por exemplo a criação de mais emprego ou de melhores condições de trabalho e o consequente aumento de produtividade. Um indivíduo que aufere ordenados superiores a 10000 euros/mês ao longo da vida, garante ele próprio o seu futuro quer através da poupança ou de outros investimentos e por isso chegada a idade da reforma não é justo que continue a arrecadar tal valor. ASSIM, SERIA JUSTO ESTABELECER TABELAS DE REFORMA ADEQUADAS. ENCONTRAR 3 A 5 VALORES CONFORME A ACTIVIDADE PROFISSIONAL E OS ORDENADOS AUFERIDOS AO LONGO DA VIDA. Não há razão alguma que justifique que hoje em dia um cidadão em Portugal tenha uma reforma superior por exemplo aos 7500 euros (e são muitos) nem sequer inferior ao ordenado minímo nacional (muitos mais). Questiono mesmo se uma determinada personalidade que aufira ordenados superiores a 25000 euros/mês tenha direito à respectiva reforma, venha ela de onde vier. AS REFORMAS SÃO PARA SER ATRIBUÍDAS QUANDO ATINGIDA A IDADE ESTIPULADA POR LEI E SÓ QUANDO O CIDADÃO DEIXA DE EXERCER QUALQUER ACTIVIDADE PROFISSIONAL REMUNERATÓRIA. Se por qualquer razão um indivíduo pretender trabalhar após a atribuição da sua reforma, esta deveria ser de imediato suspensa até que ele terminasse o seu trabalho. Se a remuneração for inferior ao valor da reforma deveria então fazer-se um encontro de verbas. Parece simples não é? Pois é mas eles não querem e como não querem, no futuro não haverá reformas mas continuará a haver gente muito bem colocada na vida. O ESTADO PREVIDÊNCIA VAI MESMO FALIR MAS "ELES"...NÃO.

O SISTEMA

Hoje no programa PRÓS E CONTRAS da RTP discute-se (?) o futuro da Segurança Social.
É tão negro o futuro como o quadro dos participantes. Presentes, o ministro actual, Vieira da Silva, e o ministro do anterior governo PSD/CDS, Bagão Félix, acompanhados por dois economistas, um deles irmão de Ferreira do Amaral, ex ministro PSD do governo Cavaco Silva e um outro com ar de bonzinho mas que mal se percebe. Felizmente a estes poucas vezes se lhes dá a palavra. Não há debate neste país em que não esteja presente um qualquer economista sobretudo da área liberal. Quem está contra não está presente. Tem sido assim já excessivas vezes. Não faltou até um discurso de fazer chorar as pedras da calçada do Presidente da República que nos surgiu em imagens de slow-motion, qual Ronaldinho no seu melhor.
Já todos percebemos que o contrato que assinámos com Estado foi para o cesto dos papéis. Esta é a mensagem que se quer fazer passar forçosamente. Faz parte do sistema. E os jornalistas neste aspecto até dão uma ajudazita. Mas atenção, eles também que se cuidem (leia-se o blog de Vital Moreira, CAUSA NOSSA, onde este sugere que, para reduzir o défice da despesa pública se deveria acabar também com o privilégio do sistema de saúde dos jornalistas e a segurança social dos advogados. Quem diria que Vital Moreira já foi um militante comunista e está agora tão conotado com as medidas do governo Sócrates e que se calhar não ficará por aqui. Uma Zita Seabra em versão 2)
Por todas as razões está claro, não é lá muito conveniente ouvir quem conteste o tipo de medidas que está a ser implementado e ao mesmo tempo denuncie os graves erros de gestão cometidos pelos governos PS, PSD e CDS/PP no passado recente e por outro lado apresente outro tipo de alternativas justas e possíveis.
Momento alto do debate, ficamos a saber que Bagão Félix criou o Euro Milhões. Porreiro era se ele nos tivesse dito quais são os números do próximo sorteio. Estaria de imediato resolvida a questão da segurança social de cada português.