quarta-feira, outubro 25, 2006

POBRE ESTADO

Mais uma empresa lucrativa do Estado passa para mãos privadas. A Galp deixou de ser nossa. Vivemos duas décadas de obrigatórias privatizações. Felizmente isto terá um fim. Mais alguns anos e não teremos mais nada para privatizar. Ficaremos com aquilo que apenas dá despesa e que não interessa aos “tubarões” do capitalismo. Nessa altura os governos não terão mais nada para vender e assim fazer face às suas dificuldades orçamentais do momento. A pergunta que se impõe é saber se nestes últimos 20 anos o estado da economia melhorou? Não estou a ver, pelo contrário. Então a quem serviu a privatização dos bens do Estado? Já agora, o que é feito pelos responsáveis da má gestão desses mesmos bens enquanto foram do Estado. E como estão eles? Presos? Na miséria? E como estão também os trabalhadores que passaram do Estado para o privado? Aumentou o seu poder de compra? Melhoraram as suas condições de trabalho? Ainda mais, e o público sentiu por acaso uma melhoria qualitativa do serviço prestado pelas novas empresas privadas? Eles falam falam mas não os vejo fazer nada.

domingo, outubro 22, 2006

DOENTES DA BOLA

É terça-feira, princípio da noite e a Urgência do Hospital de São Sebastião (HSS), na Feira, está anormalmente sossegada. O FC Porto defronta o Hamburgo para a Liga dos Campeões e o jogo passa na RTP. "Hoje não é um bom dia para perceber como isto funciona. Sempre que há futebol, são poucos os doentes.
Se você não é adepto do futebol e se tem algum problema de saúde, aproveite para ir às urgências hospitalares tratar-se porque hoje há pouco movimento nos hospitais. Esta noite jogam o Sporting, o FC Porto e o Benfica. Os jogos dão na televisão.

OS CULPADOS DO COSTUME

O Tribunal decidiu, os arguidos do caso da ponte de Entre-os-Rios foram ilibados.
Numa semana em que Castro Guerra, Secretário Adjunto da Energia, afirmou que os consumidores foram os culpados por ao longo dos últimos anos terem pago menos do que deveriam pela electricidade, leva-me a concluir que os culpados do acidente de Entre-os-Rios foram exclusivamente os passageiros que seguiam naquele autocarro. Primeiro, não deveriam ter ido “laurear a pevide” naquele Domingo fatídico, segundo, nem tão pouco atravessado aquela ponte que pelos vistos não inspirava confiança devido a várias circunstâncias.
Em Portugal raramente se encontram e responsabilizam os verdadeiros culpados e no entanto as responsabilidades por tudo de mau que acontece é sempre dos mesmos. Tal como escreveu no “Público” o historiador Rui Tavares, você é que tem culpa porque vive mais tempo do que é comportável para os cofres da Segurança social, porque o seu salário é demasiado alto para o nosso Estado, porque o seu despedimento é difícil para as nossas empresas, porque caso seja despedido você é um privilegiado por auferir subsídio de desemprego, porque é professor e não ensina ou porque é aluno e não aprende, porque é funcionário público e nem vale a pena pormenorizar as suas culpas. Você tem culpa porque trabalha no privado, mas não tanto como deveria. Se você é português, tem culpa.
São poucos os que não têm culpa. Os economistas nunca têm culpa, não têm culpa os empresários do Compromisso Portugal que fazem o que podem para tornar o país competitivo (embora haja entre eles pouquíssimos casos de sucesso fora deste rectângulo à beira-mar, e você sabe como tem culpa disso. Não têm culpa alguns gestores e juristas de topo, que temos de conquistar a peso de ouro ao sector privado e premiar abundantemente para que se sintam motivados.
Enfim, antes éramos apenas miseráveis, agora dizem-nos que somos miseráveis e mal habituados. Quem tem culpa disto? Você, e eu também.

terça-feira, outubro 17, 2006

LUTEMOS PELA DIÁRIA

Os sindicatos e mesmo todos os trabalhadores independentes deveriam apresentar uma proposta revolucionária e negociar com todos os parceiros sociais a implementação do salário diário em vez do ordenado mensal.
Se os portugueses fizessem contas e recebessem ao fim do dia abririam os olhos e jamais trabalhariam nas condições que o fazem. Imagine-se o “ar” de um trabalhador que aufere o ordenado mínimo se ao fim de um dia intenso e duro de trabalho ele recebesse da entidade patronal o seu ordenado a dividir por 30. Experimente-se por exemplo dividir 500 por 30. Dá a módica quantia de 16,6 euros. Desta quantia tem que se retirar o valor correspondente à alimentação, aos transportes, aos descontos para impostos, à educação dos filhos e à renda ou ao empréstimo da casa. Mais do que 16 Euros faz por dia qualquer arrumador de automóveis. Trabalho? Trabalhem os patrões, diriam os trabalhadores ao fim do dia.

INTERNEM-NO COM URGÊNCIA

Os internamentos hospitalares vão ser taxados. O Ministro da Saúde diz que também é assim em 9 países da Europa (diga-se nos mais ricos como na Alemanha). Era bom que os serviços prestados pelos hospitais portugueses oferecessem pelo menos ¼ das condições dignas que os serviços hospitalares daqueles países facultam aos seus utentes.
Já tive que recorrer a um hospital na Holanda e ainda esta semana a dois hospitais portugueses. A diferença é substancial. Em termos de saúde era inteiramente justo que os ministros e deputados estivessem sujeitos às mesmas peripécias por que passam a maioria dos doentes portugueses nos hospitais portugueses. Outro galo cantaria.

sábado, outubro 07, 2006

TAL PATRÃO TAL EMPREGADO

Há dias, num dos nossos grandes e modernos centros comerciais, dirigindo-me a uma casa das sopas pedi uma canja, uma bebida e um pastel. Quando ia pagar a empregada, consultando uma sua colega, confirmou que não me podia fazer um preço mais em conta porque para tal eu deveria pedir mais um pastel para assim a ementa fazer parte do menu especial que contempla um preço mais reduzido. Disse-lhe que só me apetecia um pastel e não dois. Pois, -mas assim vai ter que pagar mais mesmo que comendo menos-insistiu. Eu não queria acreditar e até fiquei indeciso se não deveria solicitar o tal pastel e depois deitá-lo para o lixo e assim pagar menos. Achei que não era correcto tendo em conta a fome que grassa pelo mundo. O patrão da loja teve uma ideia comercial e decidiu sem explicar aos empregados que na vida nem tudo é para seguir à letra e que eles também podem pensar e decidir. Na sua ausência estes também não são capazes de discernir. Aliás, há um pormenor que se constata, neste país não existe um único trabalhador que se considere incompetente para as funções que desempenha mas todos são capazes de achar que o colega ao lado é o maior incompetente do mundo. Certo certo, é que a quase todos lhes falta humildade, conhecimento, cultura, formação adequada e sentido cívico mas isso também não é a preocupação primeira dos seus patrões e gestores. A esses apenas lhes interessa o facto de eles serem baratos. O barato geralmente não presta logo, como somos todos baratos consequentemente o país não pode prestar. Vale pouco.

O PAÍS ARTISTA

A RTP está neste dia a transmitir uma festa de solidariedade para com a Casa dos Artistas. Acho bem, finalmente uma festa em prol de todos os portugueses. Somos um país de verdadeiros artistas.

Powered by Blogger

  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA