sábado, maio 31, 2008

A CRISE ULTRAPASSA-NOS

Ontem seguia na A5 entre Cascais e Lisboa a uma velocidade aproximada dos 120KM quando de repente fui ultrapassado por três carros em alta velocidade ficando até com a sensação de que estava parado. As três “bombas” eram um Range Rover, um Porche e um AudiTT, todos topo de gama. Era a crise a passar por mim.

sexta-feira, maio 23, 2008

UMA FRASE BATIDA

Uma vez mais não é nada abonatório um estudo que coloca Portugal na cauda da Europa a 25 em relação à desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.
O coordenador do estudo “Um Olhar Sobre a Pobreza”, Alfredo Bruto da Costa, não tem dúvidas: "os baixos salários são um problema grave, que contribui para a pobreza em Portugal. É preciso aumentar os ordenados e democratizar as empresas."
Na entrevista que Alfredo Bruto da Costa dá hoje ao jornal “O Público”, a determinada altura o jornalista questiona-o nos seguintes termos:
"Apesar de tudo, mais vale ser pobre em Portugal do que em alguns países de África ou da Ásia?"
Aí está a pior argumentação a que o nosso fado nos habituou, "temos que nos dar por felizes, há muitos milhões em piores condições do que nós."

quinta-feira, maio 22, 2008

VIOLÊNCIA

A imagem aérea de Sichuan na China divulgada pela imprensa depois do violento terramoto é impressionante. Tão impressionante e quase tão semelhante como qualquer imagem aérea do caos urbanístico da Amadora ou de Alfornelos em Portugal. Em Sichuan a força da natureza não teve dó, na Amadora e Alfornelos a força do homem também não.

quinta-feira, maio 15, 2008

E ASSIM VAI O PAÍS

Teixeira dos Santos seguindo os conselhos do Presidente da Republica demonstrou a sua indignação em Bruxelas em relação aos elevados honorários auferidos pelos gestores das empresas privadas portuguesas. Se o ministro das finanças está preocupado com os casos de injustiça verificados no nosso país não é optando por este tipo de estratégia que resolverá os problemas dos mais pobres e dos trabalhadores em geral que têm ordenados miseráveis. O que o ministro pretende é atirar poeira para os olhos dos portugueses com discursos demagógicos e aproveitar a ocasião para fazer um pouco de campanha eleitoral. A frágil situação em que se encontram a maioria dos portugueses não é devido aos altos ordenados dos gestores privados mas sim graças às politicas economicistas adoptadas pelos diversos governos que temos suportado e muito sobretudo pelo governo de José Sócrates e Teixeira dos Santos. Se o ministro das finanças está muito preocupado com a situação dos portugueses o que tem a fazer é aconselhar o seu governo a não adoptar politicas económicas injustas para a generalidade dos trabalhadores. Por exemplo, não é com as alterações ao novo código de trabalho que mais servem as empresas e os patrões que o governo contribui para o melhor bem estar dos portugueses, não é com a introdução da flexi-segurança que ficam salvaguardados os trabalhadores portugueses, não é com a tentativa sub-reptícia de acabar com a contratação colectiva que se garante a defesa de quem trabalha, não é com o facilitismo politico e económico dados aos grandes grupos económicos que o governo assegura melhor justiça e melhor distribuição da riqueza, não é alienando a quase totalidade dos bens públicos rentáveis a interesses privados, como têm feito os sucessivos governos, que se garante um substancial crescimento económico. O ministro Teixeira dos Santos deveria compreender que a situação dos gestores privados a quem se refere com elevados ordenados roçando o escândalo em relação a outros países mais ricos e mais desenvolvidos se deve à impunidade de que gozam em termos políticos e económicos. Fazem o que querem, exigem e são contemplados mesmo sem resultados, ostentam a sua riqueza enquanto exploram diariamente os seus empregados regateando ao cêntimo qualquer aumento salarial, procuram evitar pagar mais pelo trabalho extraordinário mas querem sempre mais carga horária laboral gerida a seu bel-prazer, evitam a todo o custo contratualizar, só eles querem impor regras e ainda exploram os consumidores com elevados preços dos seus produtos e muitas das vezes com fraca qualidade. O governo de Teixeira dos Santos tem ajudado muito à festança. Ainda a propósito das palavras do ministro das finanças proferidas em Bruxelas este sujeitou-se a ouvir as reacções prepotentes de alguns gestores privados portugueses como Fernando Ulrich do BPI e de Belmiro de Azevedo. O primeiro quase que chamou de pateta ao ministro e o patrão da Sonae, tal como sempre foi do seu timbre, ameaçou de imediato com a saída dos gestores portugueses para o estrangeiro, como se no estrangeiro houvesse muitos gestores portugueses competentes, nem cá como se tem provado pelos resultados apresentados quanto mais lá fora. O que Ulrich e Belmiro quiseram dizer ao ministro das finanças foi, “esteja é caladinho e procure manter as calças dos portugueses em baixo para nós estarmos à vontade.”

quarta-feira, maio 14, 2008

O EXTRACTO E O SUBSTRATO

Angola exige aos estrangeiros que pretendem visitar o país, para além de outros documentos, a apresentação de um extracto bancário. É certo que não o faz por acaso, os portugueses foram os primeiros a implementar esta medida em relação aos angolanos que faziam questão em viajar para Portugal. Descurando a solidariedade que deveria presidir à relação entre os povos, esta era uma medida adoptada pelo nosso país de forma a evitar que o desgraçado do “pé descalço”, procurando fugir da miséria e sobretudo da guerra, se viesse a instalar em Portugal.
Todas as decisões governamentais tomadas pelos países estrangeiros em relação a Angola foram também sempre de imediato igualmente adoptadas pelos dirigentes angolanos.
Entretanto os tempos vão mudando, hoje há menos angolanos a quererem instalar-se em Portugal, exceptuando as empresas angolanas, e vamos aguardar para verificar se pelo caminho que as coisas estão a ter mais tarde ou mais cedo não se dará o reverso da medalha com os desgraçados do “pé descalço” dos portugueses quererem partir para outras paragens incluindo a Republica de Angola à procura de sustento.
Em vez dos governantes de qualquer país exigirem o extracto bancário de um qualquer cidadão, que deveria ter o direito de viver e viajar para onde lhe apetecesse, deveriam antes eles próprios, demonstrar como enriqueceram tão desmesuradamente e tão depressa mantendo os seus povos na maior das pobrezas e miséria. Por esta razão os incomoda tanto, aos dirigentes angolanos e a alguns portugueses sem escrúpulos com interesses em Angola como o Banco Espirito Santo, as palavras de denuncia e revolta em relação à miséria que grassa por este mundo proferidas por um musico que dá pelo nome de Bob Geldof.

terça-feira, maio 13, 2008

FELICIDADE FÁCIL

Na semana passada o jornal “O Publico” fez a apresentação de um livro de Eric G. Wilson com o sugestivo nome “Against Happiness: In Praise of Melancholy”.
A propósito da temática o jornal consultou a opinião de várias personalidades com o intuito de saber se, tal como os americanos, os portugueses também estão cada vez mais interessados na felicidade fácil. Por exemplo, Mário de Carvalho diz que, “Portugal, ao contrário de outros países europeus, não está preparado para suportar o nível de degradação que corresponde aos tempos vertiginosos actuais. Acrescenta Mário de Carvalho, “temos um défice cultural e cívico acumulado ao longo da história e não apenas no sec. XX. Défice que se reflecte no abocanhamento dos recursos públicos por interesses dominantes e em modelos sociais que privilegiam a negociata, as tranquibérnias e as falcatruas. Os portugueses, tal como os americanos, têm vontade de se abstrair das dificuldades mas não de forma consciente. São vítimas de uma politica de instigação, ao serviço de interesses difusos instalados, que lucram e prosperam na nossa sociedade. São obrigados, seja pela televisão, seja pelo futebol, a viver aturdidos, são vítimas de uma gigantesca lavagem ao cérebro e manipulação do espírito.
Também o sociólogo das religiões, Moisés Espírito Santo coloca em duvida as capacidades dos nossos indígenas. Diz ele que, “os portugueses por muito melancólicos que sejam, não têm espírito criador. Sempre tiveram necessidade de copiar. Até podemos ser férteis em literatura. Camões, Eça e Saramago são grandes escritores. Mas não somos férteis em mais nada. Basta pensar na filosofia e na teologia. Temos 90% de católicos, mas não há entre nós um único criador de teologia. Que é que isso diz de nós? Que somos uma cultura estéril, sempre fomos. Na fase dos descobrimentos fomos férteis, mas considero isso quase uma acaso, um acidente, que aliás, acabou depressa, por causa da inquisição. De resto, somos um povo seguidista, obediente, passivo e dependente. O ideal do português não é buscar via própria, mas ficar dependente do patrão, do dominador, dos valores vigentes.”

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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA