segunda-feira, junho 29, 2009

SIMPLES

Sentados no sofá assistimos às movimentações dos políticos, lobbies e negócios. Ficamos a saber que a Prisa é uma empresa espanhola que detém a Media Capital que por sua vez é maioritária da estação de televisão que dá pelo nome de TVI. Dizem-nos que grupos angolanos querem adquirir 30% das acções do grupo Impresa que é dona de outra estação de televisão generalista portuguesa, a SIC. Livre ainda do capital estrangeiro parece estar a RTP. Talvez por pouco tempo e segundo a vontade de alguns que podem a qualquer momento ter poder de decisão. Pacheco Pereira é um dos ideólogos do PSD que prepara o programa político do seu partido e que pode vir a ser governo em qualquer altura. Conhecem-se as intenções de Pacheco Pereira em relação à comunicação social, segundo esta figura, o Estado não deve ser detentor de qualquer órgão de comunicação social, na sua totalidade ela deve estar na mão de entidades privadas.
A discussão dos assuntos em Portugal é superficial e pouco séria. De assuntos menores se fazem grandes discussões, veja-se por exemplo o caso da marcação das datas dos próximos actos eleitorais, enquanto que em relação aos problemas concretos e estratégicos para Portugal e os portugueses tudo se resumo à defesa de alguns interesses particulares do momento. Por acaso já alguém pensou que num qualquer dia toda a comunicação social portuguesa pode ser controlada por entidades ou grupos estrangeiros anónimos com propósitos que desconhecemos?

domingo, junho 14, 2009

O FIM DO SÓCRETISMO?

O PS de José Sócrates perdeu as eleições europeias não por causa dos méritos que possa ter o candidato do PSD Paulo Rangel, de sabe-se lá o quê que tenha Manuela Ferreira Leite ou da falta de jeito do seu próprio candidato Vital Moreira. Nem as duvidas no caso Freeport justificam tamanha derrota.
O PS perdeu porque foi surdo, prepotente, economicamente neoliberal e de uma maneira geral incompetente.
O PS perdeu porque apoiou um governo que deliberou contra os interesses da generalidade das pessoas como nas reformas da Segurança Social, porque aprovou um código do trabalho nefasto para os trabalhadores a que nenhum governo de direita tinha chegado a tanto, porque incentivou a precariedade no trabalho sobretudo junto dos jovens, porque desprezou as grandes manifestações de rua, porque governou à direita quanto fora eleito por gente de esquerda que quis romper com o passado dos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes. O PS de Sócrates perdeu porque foi prepotente em relação aos mais fracos e desprotegidos que são a maioria e muito submisso perante os mais fortes. Perderam porque se preocuparam mais com os negócios do que com as pessoas. O PS perdeu porque pensava que apenas à custa do marketing do seu líder se perpetuava no poder e perdeu também graças aos seus ministros incompetentes. Ajudaram à queda, o ministro da Economia Manuel Pinho que abriu a boca vezes sem conta para dizer asneiras, quando a crise internacional ainda não estava sequer no seu auge teve o desplante de afirmar que, o pior já tinha passado e que recomeçara a recuperação económica, isto contra todas as expectativas e a realidade que se nos deparava. Ajudou o ministro Mário Lino das Obras Públicas com a grande trapalhada em relação ao novo aeroporto, ficou famosa a sua frase, em Alcochete “jamais” ou o “deserto” a sul do Tejo. Ajudou o ministro do Trabalho e da Segurança Social Vieira da Silva que muito passivamente sem qualquer tipo de acção não garantiu nem trabalho nem segurança social. E que dizer então em relação ao ministro da Justiça Alberto Costa senão que foi o ministro do caos? Não está isento de culpas também o ministro mais exposto do governo, o das Finanças, Teixeira dos Santos, que sempre procurou defender o indefensável, ginasticou conforme as conveniências em relação aos impostos castigando os contribuintes, manteve à frente da supervisão do Banco de Portugal o governador Vítor Constâncio com as suas “distracções” gravosas para a economia portuguesa em relação ao que se passou na banca e em concreto nos casos do BPN e BPP. Foi quase tudo muito mau. De que estava à espera esta gente na altura do julgamento?
Que caminhos sobram a José Sócrates e ao seu partido a partir de agora? O primeiro-ministro está numa encruzilhada da qual muito dificilmente se desenvencilhará. A esquerda que ele tanto desiludiu jamais confiará na sua política e nas suas intenções, é um caminho que lhe está definitivamente vedado por muito que ele tente conquistar. Em relação ao centro direita para quem governou durante todo este tempo, as perspectivas não são também animadoras. Foi uma franja, incluindo nela a maioria da classe empresarial, que apoiou interesseiramente e estrategicamente Sócrates enquanto estiveram órfãos, desorganizados e perdidos relativamente à sua “máquina” política tradicional. Quando sentirem que têm a “casa” definitivamente arrumada jamais quererão saber de Sócrates líder de um partido que carrega sempre consigo a palavra que lhes foi sempre maldita, socialista. Sócrates entrou em agonia. Poderá eventualmente ainda salvar-se o Partido Socialista, far-lhe-á talvez bem passar de novo para o “banco dos suplentes”, esquecer Sócrates, renovar-se em termos de militância, reorganizar-se, virar à esquerda e levantar de novo a bandeira do socialismo e da justiça já que a direita e os defensores da exploração estarão sempre minimamente representados e protegidos. Ao Partido Socialista só lhe resta ser verdadeiramente de esquerda caso contrário entrará igualmente em agonia profunda.

quarta-feira, junho 10, 2009

ABSTENÇÃO

Ninguém estranha e tudo se comporta como nada de grave se esteja a passar quando, dirigentes e partidos políticos cantam vitória e saltam de contentes após os resultados dos recentes actos eleitorais como os verificados nas eleições para o Parlamento Europeu realizadas no passado fim-de-semana. Reagem assim tão-somente, porque as leis do regime legitimam este seu comportamento. Não os apoquenta o facto de que quase cerca de 70% não lhes atribuir qualquer crédito como foi manifesto expressamente através, quer da abstenção, dos votos em branco e votos nulos. Ao contrário do que eles possam pensar, o fenómeno não acontece porque só 30% das pessoas, como eles dizem, cumprindo o seu dever cívico, se interessam pelos destinos do país e porque os restantes estão na praia ou em férias e não querem saber da Europa. Deveriam antes tentar perceber que esses tais ausentes foram ao longo dos anos “enchendo o saco” em consequência da falta de confiança nos agentes políticos graças sobretudo à sua falta de estrutura, visão de desenvolvimento das sociedades e manhas diversas como a mentira, o compadrio na defesa dos seus interesses comuns e sobretudo devido à eterna e agravante sobrecarga de custos a que a população vem sendo sujeita motivada pelas sucessivas gestões danosas dos seus governantes. Era bom que eles percebessem que perante este cenário a democracia se vai desvanecendo. Estarão eles preocupados com isso? Parece que não. O PSD ficou satisfeito porque tem uma nova “estrela” que derrotou o PS. Os socialistas foram desde já avisando os adversários quanto à questão da sua legitimidade para governar o país e que manterão o rumo que julgam ser o mais certo. A CDU ficou satisfeita porque conseguiu o seu melhor resultado dos últimos 15 anos, tal como disse na noite eleitoral o humorista dos “Gato Fedorento” Ricardo Araújo Pereira, “o PCP ganha sempre”. O BE contente também porque cresceu muito e ficou satisfeito sobretudo porque a ala mais à esquerda do PS se “refugiou nos seus braços”. Finalmente o CDS de Paulo Portas chorou de emoção porque ainda não foi desta que “morreu”. Foi uma noite de festa. Uma noite que, tal como nos dias de campanha, pouco se falou da Europa e dos desafios com tons de negro que ela vai ter que enfrentar. Os temas de conversa a que se assistiu entre políticos, comentadores e analistas serviriam igualmente quer se tivesse tratado de umas eleições autárquicas ou legislativas. Falou-se muito das “coisinhas da nossa casinha” e pouco do Mundo e da Europa. Continuou a pairar a ideia de que a Europa e a sua comunidade em relação a Portugal pouca importância tem mas no entanto, primordial na “colheita” dos seus fundos comunitários ou noutras benesses que a partir dali nos possam chegar.
A “coisa” já está tratada, decidimos quais os 22 deputados que vão para o Parlamento Europeu. Era isto que lhes interessava, é isto que fica. "Venham as próximas, ainda há aí umas “tricas” para esclarecermos para depois sermos julgados nem que seja por 3 a 5 % da população. Nem que seja por um só voto".

domingo, junho 07, 2009

PORTUGAL NÃO AJUDA


Terminou o dia de reflexão que antecede as eleições para o Parlamento Europeu. Alguns de nós aproveitou para, nas conversas convívio de fim-de-semana e em estilo tertúlia, debater com os seus amigos a importância deste acto eleitoral. O mundo piorou praticamente em todos os aspectos e concretamente a Europa foi demasiadamente impotente para não se deixar também arrastar pela crise. A culpa deveu-se sobretudo às opções políticas neo-liberais postas em prática pela sua classe dirigente e cuja maioria faz parte do PPE, Partido Popular Europeu. Com eles a Europa deixou de ser social para ser unicamente económica. Era talvez importante mudar mas para tal era também importante derrotá-los com a única arma que temos por enquanto, o nosso voto. Estrategicamente seria útil votar nos partidos socialistas europeus impedindo desta forma uma nova maioria do PPE no Parlamento Europeu. Dir-se-á então, os portugueses que desejam a mudança deveriam assim votar no Partido Socialista. Pois é, esse é o nosso grande problema do momento, o Partido Socialista português liderado por José Sócrates não merece de forma alguma qualquer voto de confiança. O governo de Sócrates e o partido que o apoia na Assembleia da República em nada contribuíram, bem pelo contrário, para que o mais nefasto da economia neo-liberal degradasse as condições já bastante precárias dos seus cidadãos. Não é por acaso que Sócrates é também um apoio de Durão Barroso para novo mandato como Presidente da Comissão Europeia e que lá foi colocado quer pela direita europeia quer pelo lóbi que o ex-primeiro ministro do PSD criou após ter oferecido nos Açores os seus préstimos a George Bush, Tony Blair e Aznar e ali decidirem, todos envoltos numa grande mentira, uma nova invasão ao Iraque com consequências altamente dramáticas e que custou a vida de milhares de pessoas. Sócrates diz que Durão é português e que por essa razão merece o seu apoio porque isso é benéfico para Portugal. Sócrates está enganado, não é importante que a Comissão Europeia seja presidida por um português, o que é importante é que ela seja dirigida por gente com outra visão mais justa da Europa e do mundo que nos leve por outros caminhos seja ele de que nacionalidade for. O importante são as políticas e não as individualidades e Sócrates mostra apenas ser oportunista no pior dos sentidos. Por tudo isto e, após a necessária reflexão, por muito que nos custe, lamentamos não poder ajudar os socialistas europeus, não conseguimos confiar nesta gente para derrotar a direita europeia e os seus representantes do PPE. Em Portugal o actual Partido Socialista e José Sócrates merecem para já o primeiro cartão amarelo. O vermelho virá a seguir.

sexta-feira, junho 05, 2009

POIS CLARO, O ESTADO

Parecia dramático mas no fundo não passava de um caso extraordinário de fazer chorar as pedras da calçada. Um dos clientes do Banco Privado Português, à porta do banco e perante as câmaras de televisão, lamentava a sua situação e o destino dos seus investimentos naquela entidade bancária. Suplicava ele em termos exigentes que, o Estado tem a obrigação de resolver de imediato o nosso problema, só o Estado o pode fazer.” Não estava ali ninguém para lhe dizer de imediato, porque teria o Estado que solucionar o seu caso se ele próprio não confiou as suas poupanças e rendimentos ao Estado e às suas entidades bancárias optando antes por os depositar em mãos privadas que lhe prometeram mundos e fundos? Não o fez porque aquele individuo como muitos outros só recorrem ao socorro do Estado quando se encontram em situação aflitiva. Até aí, são os primeiros a condenar o peso do Estado na economia nacional e são também os primeiros a defender cegamente as privatizações dos bens estratégicos do país sem pensar minimamente nas consequências das mesmas. O senhor foi jogar e perdeu. Só falta saber se o azar foi dele ou nosso.

Powered by Blogger

  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA