domingo, novembro 28, 2010

Ingenuidade-1-Não papamos grupos-1

Primeira parte do jogo Sporting-FC Porto, os da casa estão a ganhar por 1-0, João Moutinho cai no seu meio campo e fica lesionado. Na altura os leões partem em contra ataque perigoso. Liedson numa atitude de fair-play vê o seu ex-companheiro de equipa no chão e interrompe o jogo atirando a bola para fora para que o jogador do FC do Porto possa ser assistido.

Segunda parte do jogo Sporting-FCPorto, Maniche, jogador do Sporting, numa disputa de bola no meio campo, cai e fica também estendido no relvado. Os jogadores do FC do Porto ficam com a bola na sua posse, é João Moutinho que pega na bola, concentrado na jogada não se lembra já do que se passou consigo na primeira parte do encontro, desmarca Hulk este centra para a área do Sporting, aparece Falcao e restabelece a igualdade. Maniche continua deitado e os jogadores do FCPorto festejam o seu golo no meio da grande euforia do seu treinador. Não houve mais golos até ao final do jogo.

Razão tinha o actual treinador do Benfica quando numa época recente orientava o Clube dos Belenenses, a propósito do Fair Play no futebol disse Jorge Jesus, “o Fair Play é uma treta e os jogadores das minhas equipas não vão nisso”. O jogo desta noite demonstrou-o, o Sporting não passa de um clube ingénuo. Na tribuna VIP Bettencourt estava satisfeito por ter ao seu lado o presidente Pinto da Costa. Não se sabe se terá aprendido alguma coisa com o líder do FCPorto que é muito mais experiente nestas andanças de como se deve lidar com os pontapés na bola e como os seus jogadores devem encarar o fenómeno futebolístico. Fair Play é coisa para meninos.


sábado, novembro 27, 2010

OS PARASITAS DA LIBERDADE

Na semana da Greve Geral o que ficou mais patente foi a pobreza de espírito da generalidade das pessoas em relação à análise das razões de uma paralisação laboral de grandes dimensões.

Aqueles que forçosamente tiveram que decidir e sentir os efeitos desta greve não escaparam às mais variadas reacções, quer dos grevistas, quer em relação a outros que optaram por não aderir à paralisação. Compreende-se que uns justifiquem em termos simples as razões da sua adesão sobretudo por revolta com a redução dos seus salários, congelamento de evolução nas suas carreiras profissionais e mais um ou outro pormenor que afectam directamente os seus rendimentos e consequentemente as suas vidas privadas. Para eles, estas são simples razões mais que suficientes que justificam a sua decisão. Relativamente àqueles que entenderam não alinhar na Greve Geral, apesar de ter-se que respeitar igualmente a sua tomada de posição, foi no entanto confrangedor escutar das suas bocas as mais ridículas desculpas para se justificarem perante outros a sua não adesão à paralisação geral.

Compreende-se que aqueles que trabalham com contratos precários e sem qualquer segurança em termos profissionais, sobretudo no sector privado, temam as represálias a que certamente se sujeitam aderindo a qualquer tipo de greve já que depois ninguém lhes valerá na hora da aflição. Em relação aos restantes a situação não se deveria sequer colocar-se. São em termos gerais gente egoísta, não solidária, oportunistas ou bastante ignorantes perante as suas justificações. Porquê? Porque no fundo são igualmente na sua maioria trabalhadores como os outros, alvos de iguais injustiças e exploração mas que perante as lutas encetadas na procura da justiça ora se amedrontam ou se vergam e, para até tentar tirar algum proveito da situação, rastejam diante das suas chefias oferecendo os seus préstimos para o que for necessário. Mais grave ainda, usufruindo de direitos profissionais e sociais ignoram ou fazem por ignorar que, para a conquista desses direitos de que eles agora beneficiam se deveu à custa de árduas lutas em que muitos inclusive pagaram com as suas próprias vidas ao longo da história da humanidade. A estes homens e mulheres que se empenharam em guerras e lutas muitos dos beneficiados de hoje respondem com ignorância ou ingratidão. A sua miséria de pensamento e espírito deveriam chocar-nos.

Era importante compreender a importância desta Greve Geral. Não são só as reduções de salários e de outros benefícios que a justificam. A situação das sociedades mais desenvolvidas e democráticas está muito rapidamente a degradar-se muito gravemente sem que se veja em termos de decisões do poder soluções justas para os problemas que se nos colocam no futuro mais próximo, bem pelo contrário. Quem não quer compreender a gravidade do problema está equivocado.

De lamentar ainda as diversas análises publicadas em relação à Greve Geral do passado dia 24. Sobretudo as que foram expostas na edição de quinta-feira no jornal “O Público” por Pedro Lomba e Maria Helena Matos. Perante tanta verborreia anti-greve debitada apetece perguntar a estes e outros tantos a quem devem eles a sua liberdade de expressão. Terão noção que igualmente beneficiaram com as lutas e as conquistas da democracia? Contra estes e contra outros tantos impõe-se mais do que nunca e, antes que seja tarde demais, aquela frase batida, a luta continua.


sábado, novembro 06, 2010

SENTIDO DE ESTADO

Esta semana foi aprovado na Assembleia da República o pior Orçamento de Estado de que há memória nas últimas décadas. Pelas suas consequências outros iguais ou piores se seguirão. Não será exagero se se disser que ele se poderá tornar catastrófico para o futuro do país. O governo PS arquitectou-o, o PSD, o maior partido da oposição negociou-o e viabilizou-o. A maioria da sociedade considerou-o um mau orçamento mas, forças poderosas, talvez mesmo aquelas mais responsáveis pelo estado a que levaram o país, forçaram a sua aprovação. Todos eles deram um nome à decisão, Sentido de Estado. Coitado do Estado.

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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA