A JABULANI

Quando neste dia começar o Mundial de Futebol de 2010 na África do Sul e depois de tantas reportagens que nos vão mostrando a toda a hora sobre os bastidores da festa, a maioria delas sem qualquer tipo de interesse, ninguém vai pensar na história daquelas bolas que vão rolar pelos estádios sul-africanos fazendo vibrar de emoções os povos dos países participantes. Ninguém quer estragar a festa que empolga as multidões mas para que se saiba é preciso destacar que não há festa sem senão. Não é de louvar o comportamento de certas empresas altamente lucrativas ligadas ao mundo do futebol, neste caso da Adidas a fornecedora das bolas oficiais do Mundial e que vão render e perdurar pelos campos durante os próximos anos até à criação de uma outra. A JABULANI é agora a novidade, o nome que foi dado a esta bola de futebol. Alguém mais atento procurou não só conhecer as virtudes e os defeitos apresentados pelos craques que vão jogar com a JABULANI, mas também conhecer toda a sua história e curiosamente onde estas bolas são fabricadas. Não, não são manufacturadas nos Estados Unidos. Elas são fabricadas no Paquistão e com a utilização de alguma mão-de-obra infantil que recebe diariamente cerca de dois euros pelo trabalho prestado. Quando o caso foi denunciado na imprensa a Adidas veio de imediato a público declarar que pagava o equivalente a 4 euros diários. Mais valia que a Adidas ficasse quieta e calada pois a sua argumentação é no mínimo uma vergonha perante a exploração humana, pelos milhões que lucra, pelos milhões que gasta em campanhas promocionais e pelos muitos milhões que algumas das estrelas do futebol recebem para se equiparem com a sua marca.
Vamos então ver a partir de hoje a festa da bola, festejar os golos e as vitórias e até mesmo aquelas crianças do Paquistão que trabalham por dois euros diários a fazer bolas de futebol talvez tenham também a oportunidade de ver alguns jogos e saltar de contentes com as habilidades dos seus ídolos, nem uns nem outros vão perceber porque o Mundo é assim.