quarta-feira, maio 14, 2008

O EXTRACTO E O SUBSTRATO

Angola exige aos estrangeiros que pretendem visitar o país, para além de outros documentos, a apresentação de um extracto bancário. É certo que não o faz por acaso, os portugueses foram os primeiros a implementar esta medida em relação aos angolanos que faziam questão em viajar para Portugal. Descurando a solidariedade que deveria presidir à relação entre os povos, esta era uma medida adoptada pelo nosso país de forma a evitar que o desgraçado do “pé descalço”, procurando fugir da miséria e sobretudo da guerra, se viesse a instalar em Portugal.
Todas as decisões governamentais tomadas pelos países estrangeiros em relação a Angola foram também sempre de imediato igualmente adoptadas pelos dirigentes angolanos.
Entretanto os tempos vão mudando, hoje há menos angolanos a quererem instalar-se em Portugal, exceptuando as empresas angolanas, e vamos aguardar para verificar se pelo caminho que as coisas estão a ter mais tarde ou mais cedo não se dará o reverso da medalha com os desgraçados do “pé descalço” dos portugueses quererem partir para outras paragens incluindo a Republica de Angola à procura de sustento.
Em vez dos governantes de qualquer país exigirem o extracto bancário de um qualquer cidadão, que deveria ter o direito de viver e viajar para onde lhe apetecesse, deveriam antes eles próprios, demonstrar como enriqueceram tão desmesuradamente e tão depressa mantendo os seus povos na maior das pobrezas e miséria. Por esta razão os incomoda tanto, aos dirigentes angolanos e a alguns portugueses sem escrúpulos com interesses em Angola como o Banco Espirito Santo, as palavras de denuncia e revolta em relação à miséria que grassa por este mundo proferidas por um musico que dá pelo nome de Bob Geldof.

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