segunda-feira, junho 14, 2010

AS VUVUZELAS


A maioria da intelectualidade nacional e os fundamentalistas anti-futebol quando chegam estes momentos de euforia desportiva apontam logo a sua raiva aos efeitos que a alienação futebolística provoca à cidadania. Argumentam que agora durante cerca de um mês o povo não dará a importância que a crise merece e que o poder politico se apodera desse dividendo para continuar a reinar e a fazer esquecer o que de mal nos vai acontecendo. É certo que existe sempre esse aproveitamento mas o mesmo tanto acontece com o futebol, as novelas, a musica pimba, os concursos de televisão e outros programas dentro do género ou de qualidade duvidosa exibidos durante o resto do ano. Não é forçoso que a maioria dos amantes do desporto se deixe alienar assim tão facilmente e mesmo muitos, independentemente do seu entusiasmo desportivo, consegue acompanhar a evolução politica ou cultural do país e do resto do mundo tanto ou mais atentamente que outros juntando a isso, a virtude de não criticarem essa gente que se considera superior por ela não gostar ou desprezar o futebol e os seus simpatizantes. O Mundial de Futebol da África do Sul traz-nos pelo menos algumas excelentes e espectaculares vantagens, durante os próximos dias a comunicação social abdicará de algumas horas a impingir-nos a classe politica mais rasca e sobretudo, gastará menos do nosso precioso tempo com os seus habituais economistas e as suas soluções milagrosas para crise que atravessamos assim como com a maioria dos comentadores das estações de televisão que não são mais que autenticas e insuportáveis vuvuzelas. Como diria, não o nosso Carlos Queiroz mas o também nosso Eça, “se nesta nossa idade de colossal e quase abusiva produção já não há tempo para ler os autores – quanto menos os comentadores!"

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