sábado, junho 14, 2008

MAL TRATADO

O Tratado de Lisboa poderá vir a tornar-se num imenso rolo de papel higiénico para a maioria dos europeus depois do “NÃO” no referendo irlandês. Os políticos da União Europeia tiveram a resposta que merecem. É discutível que uma minoria europeia condicione a aceitação de tal tratado mas essa é a regra do jogo. É certo que também foi a única chamada a pronunciar-se ficando a pairar a dúvida de qual seria a resposta caso todos os países da União optassem por referendar um assunto tão importante para o futuro dos europeus. Os políticos tecnocratas da UE fecharam-se na sua “concha”, procuraram o “arranjinho” receando a opinião da generalidade do povo. Eles lá sabem os porquês. A situação económica dos trabalhadores na Europa degrada-se a cada dia que passa, o desemprego aumenta, os salários não sobem, a flexi-segurança e a precariedade no trabalho fazem parte de uma estratégia que só serve para encher os bolsos de uma minoria que controlam os grandes grupos económicos. Ainda recentemente, os ministros de Trabalho do bloco conseguiram levar à frente uma proposta escandalosa, para não lhe chamar esclavagista, no sentido de ampliar os limites da jornada de trabalho para 65 horas semanais e que deve ser aprovada pelo Parlamento Europeu para entrar em vigor. Um estratagema para evitar o pagamento de horas extraordinárias e nivelar as condições de trabalho por baixo à semelhança dos países terceiro-mundista. Os políticos defensores deste trágico sistema neo-liberal sabem muito bem que estas são muitas das razões que os fazem temer numa qualquer eventual consulta popular das suas politicas e por isso a maioria evitou fazê-lo em relação ao Tratado de Lisboa incluindo o Primeiro Ministro português José Sócrates contrariando até a sua promessa eleitoral. Tinha sido “porreiro pá”, e até terias ficado bem na fotografia se em vez de posares num estilo parolo e vaidosamente ao lado dos poderosos, tivesses cumprido pelo menos esta promessa com a qual terias saído a ganhar, até porque em relação a Portugal, supõe-se que o “SIM” teria grandes hipóteses porque, apesar de tudo, os portugueses continuam a achar ser perigoso confrontar a União Europeia temendo as consequências de tal decisão. Os nossos indígenas sabem, com razão, que não podem contar com a qualidade e a gestão dos nossos políticos preferindo estar sujeitos aos ditames da política económica estrangeira e sobretudo dos fundos comunitários. Portugal não tem politicas e ideias próprias nem condições para trilhar o seu próprio caminho. Portugal prefere estar sempre dependente de alguém que zele por si. Portugueses e restantes europeus ficarão agora a aguardar pelas soluções que os políticos da União hão-de encontrar para dar a volta a este “NÃO” irlandês. Eles lá procurarão com subterfúgios resolver o problema à sua maneira e de forma a fazer prevalecer os seus interesses nem que para tal tenham que ignorar uma vez mais a generalidade da opinião pública. Por este caminho vai ser triste o destino dos europeus.

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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA