segunda-feira, julho 26, 2010

O CRIME COMPENSA


O jornalismo do crime em termos gerais tem tendência em resvalar para o sensacionalismo e para a exploração das emoções. Os órgãos de comunicação social investem o que for necessário naquela ânsia de tirar o máximo proveito dos diversos casos arrastando-os ad nauseam. Sabem de antemão que as pessoas sempre se sentiram atraídas por histórias ligadas ao crime, a literatura do género confirma-o e as audiências também. O crime compensa-os mas, a maioria das vezes o comportamento dos media, enoja-nos.


Periodicamente Portugal também vive as suas histórias do crime. O caso do triplo homicida de Torres Vedras é o mais recente. O povo assiste atento pela televisão e compra interessadamente o jornal indicado e “especialista” na matéria. Acompanha todos os pormenores e disserta sobre o caso em qualquer lugar. A televisão fomenta a curiosidade, na maioria das vezes sem qualquer tipo de escrúpulos. Aluga helicópteros para sobrevoar e mostrar em directo a casa do presumível assassino, quer vê-la por dentro, comporta-se como a generalidade das pessoas, adora também a bisbilhotice e faz por alimentá-la.

Não se consegue perceber porque centenas de pessoas se juntam à porta de um tribunal para assistir à entrada rápida do réu algemado mas, muito menos se percebe porque os jornalistas pedem a opinião desta gente que adora dar o seu palpite. A televisão popular não informa, junta-se à justiça popular. A maioria dos jornalistas nestes casos nunca se questiona a si própria. Jamais lhe passa pela cabeça em saber que deontologia exigiria caso qualquer um dos envolvidos, assassino ou vítima, fosse seu familiar.

1 Comments:

Anonymous A Monte said...

Ontem assisti a uma reportagem, que me fez desligar a televisão. Parece, que a casa do senhor, agora é local de "romaria". A família mete-se no seu carro, ruma à aldeia para ver e fotografar o castelo. Para completar o quadro, uma jornalista de microfone em punho a entrevistar os turistas.

5:16 da tarde  

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