2006, FIM DE ANO
Lá vai 2006. Infelizmente ano após ano vamos de mal a pior, sobretudo por aqui no “burgo.”
Os que partiram merecem a primeira referência. Comecemos pelo mais alto Magistrado da Nação. Jorge Sampaio, aquela “coisa mole” que passou pelo Palácio de Belém. Acabou o “reinado” a distribuir medalhas pela “malta” toda. Demorou a “correr” com Santana Lopes mas aguentou Souto Moura que fez merda de todo o tamanho enquanto Procurador Geral da República, transformando o caso do envelope 9 num 31 e levando as pessoas a concluírem que a justiça em Portugal se havia transformado num autentica “palhaçada”. Bola, justiça e corrupção estiveram na ordem do dia. O relativo sucesso da selecção portuguesa no Mundial da Alemanha a juntar às boas exibições de técnicos e jogadores nacionais no estrangeiro, não conseguiram esconder a podridão que paira no futebol nacional e que teima em manter-se enquanto por lá andarem, Gilberto Madaíl e apaniguados, os Loureiros e a maioria dos dirigentes dos clubes desportivos. Foi preciso que duas mulheres se infiltrassem no mundo futebolístico para fazer renascer a esperança. Carolina, ex-companheira de Pinto da Costa “meteu a boca no trombone” e contou em livro tudo o que deveria contar e também não contar e, Maria José Morgado que foi “recuperada” pelo actual Procurador para descobrir a verdadeira cor do “Apito” que parece durar desde os primórdios da revolução.
2006 é o ano que marca o fim das maiores conquistas e direitos dos trabalhadores portugueses que o governo de José Sócrates, com o alto patrocínio do novo Presidente da Republica, Cavaco Silva, entendeu e insiste em chamar-lhes “privilégios”. A incompetência e a falta de colaboração na investigação prestadas pelo Estado português com os voos da CIA transportando prisioneiros em território nacional, parece não ter assim tanta importância perante casos mais graves. As reformas na segurança social, a saúde, o trabalho e a educação dos portugueses foram irremediável e seriamente atacados em toda a linha. De tal forma que agora a direita e o patronato estrategicamente aplaudiram para no futuro pedirem ainda mais como já o vai fazendo o poder económico através do chamado “Compromisso Portugal” que periodicamente pressiona e faz novas e mais exigências. Daqui para a frente nada será como antes. Talvez não demore muito até que o Zé Povinho, mesmo que não percebendo as verdadeiras causas da sua situação, comece pelo menos a “torcer a orelha”. Vai ser duro a menos que a Europa dê a volta por cima e Portugal venha a beneficiar com a situação mas, o velho continente enfrenta idênticas complicações, não fosse a força do dinheiro o problema universal. Para lá das nossas fronteiras, nos países mais cultos e com maior tradição democrática resiste-se como se pode, as organizações sindicais procuram adaptar-se à globalização, em França, graças à luta nas ruas, rasgou-se o famigerado “contrato do primeiro emprego” que pretendia fazer dos jovens “carne para os canhões das empresas”. Não é por acaso também que “opinion makers” de direita e não só, de “faca nos dentes”, procurem denegrir o Estado e o modelo da sociedade francesa. Quase todos insistem em querer dizer-nos que a culpa de tudo é o Estado Social conquistado pela Europa querendo por outro lado ignorar, a concentração em poucos e à custa de muitos da riqueza mundial, à falta de gestão qualitativa das empresas, à delapidação do erário publico com a conivência dos governos, à corrupção, à fuga aos impostos das profissões liberais, aos paraísos fiscais, à falta de investimento na formação das pessoas e sobretudo à falta de investigação de como se adquire riqueza em tão pouco tempo. Pode ser que os franceses, uma vez mais, venham a ser de novo “a resistência” e ainda consigam salvar os direitos de alguns explorados e desfavorecidos e consequentemente a Europa mantenha uma politica de alguma justiça e de mínimo bem-estar. Não vai ser fácil mas não é de todo impossível. A luta deve continuar, agora mais do que nunca. Cada um de nós comece por desconfiar da informação que nos é fornecida já que o poder económico detém a generalidade da comunicação social com os seus “cães de guarda” a quem pagam para alienar e enganar. Cuidado com o pensamento único que nos estão a querer impingir.
O mundo ocidental e sobretudo, os Estados Unidos da América, depois da queda da União Soviética e do Muro de Berlim encontraram novo inimigo. O mundo árabe não obediente. O Presidente do Irão mandou o Tratado de Não Proliferação “às urtigas”. Claro que os “rapazes” não são de confiança mas, se outros podem porque não hão-de eles também poder? Faz o que eu digo, não faças o que eu faço, diz o Ocidente ao Médio Oriente, excepção para Israel, pois claro, para quem haveria de ser. Os “aliados” podem construir muros e colonatos, matar indiscriminadamente e destrur parcialmente um país vizinho como o Líbano. Quanto a negociar só em ultimo caso, só em caso de as “coisas” já não estarem a correr de feição para os nossos lados. Até lá vale tudo. George W. Bush é mais uma vez o homem do ano pelas consequências à vista de todos no Iraque. Sem solução à vista a carnificina parece não ter fim e a “procissão ainda agora vai no adro”. Umas simples caricaturas de Maomé publicadas num jornal de pouca difusão dinamarquês ou uma declaração meio escondida do Papa Bento XVI acerca de uma qualquer figura histórica contrária ao Islão, são matéria suficiente para colocar o mundo Ocidental em guerra aberta com o mundo Muçulmano. Até a história do Pai Natal já veio “à baila” para alimentar ódios. A situação é grave e o inconveniente é que só há uma terra e só se vive uma vez.
Não vamos lamentar as mortes de assassinos torcionários como Pinochet e Saddam Hussein mas vamos ter saudades de homens como Césariny e James Brown pela cultura que nos deixaram.
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