quarta-feira, junho 10, 2009

ABSTENÇÃO

Ninguém estranha e tudo se comporta como nada de grave se esteja a passar quando, dirigentes e partidos políticos cantam vitória e saltam de contentes após os resultados dos recentes actos eleitorais como os verificados nas eleições para o Parlamento Europeu realizadas no passado fim-de-semana. Reagem assim tão-somente, porque as leis do regime legitimam este seu comportamento. Não os apoquenta o facto de que quase cerca de 70% não lhes atribuir qualquer crédito como foi manifesto expressamente através, quer da abstenção, dos votos em branco e votos nulos. Ao contrário do que eles possam pensar, o fenómeno não acontece porque só 30% das pessoas, como eles dizem, cumprindo o seu dever cívico, se interessam pelos destinos do país e porque os restantes estão na praia ou em férias e não querem saber da Europa. Deveriam antes tentar perceber que esses tais ausentes foram ao longo dos anos “enchendo o saco” em consequência da falta de confiança nos agentes políticos graças sobretudo à sua falta de estrutura, visão de desenvolvimento das sociedades e manhas diversas como a mentira, o compadrio na defesa dos seus interesses comuns e sobretudo devido à eterna e agravante sobrecarga de custos a que a população vem sendo sujeita motivada pelas sucessivas gestões danosas dos seus governantes. Era bom que eles percebessem que perante este cenário a democracia se vai desvanecendo. Estarão eles preocupados com isso? Parece que não. O PSD ficou satisfeito porque tem uma nova “estrela” que derrotou o PS. Os socialistas foram desde já avisando os adversários quanto à questão da sua legitimidade para governar o país e que manterão o rumo que julgam ser o mais certo. A CDU ficou satisfeita porque conseguiu o seu melhor resultado dos últimos 15 anos, tal como disse na noite eleitoral o humorista dos “Gato Fedorento” Ricardo Araújo Pereira, “o PCP ganha sempre”. O BE contente também porque cresceu muito e ficou satisfeito sobretudo porque a ala mais à esquerda do PS se “refugiou nos seus braços”. Finalmente o CDS de Paulo Portas chorou de emoção porque ainda não foi desta que “morreu”. Foi uma noite de festa. Uma noite que, tal como nos dias de campanha, pouco se falou da Europa e dos desafios com tons de negro que ela vai ter que enfrentar. Os temas de conversa a que se assistiu entre políticos, comentadores e analistas serviriam igualmente quer se tivesse tratado de umas eleições autárquicas ou legislativas. Falou-se muito das “coisinhas da nossa casinha” e pouco do Mundo e da Europa. Continuou a pairar a ideia de que a Europa e a sua comunidade em relação a Portugal pouca importância tem mas no entanto, primordial na “colheita” dos seus fundos comunitários ou noutras benesses que a partir dali nos possam chegar.
A “coisa” já está tratada, decidimos quais os 22 deputados que vão para o Parlamento Europeu. Era isto que lhes interessava, é isto que fica. "Venham as próximas, ainda há aí umas “tricas” para esclarecermos para depois sermos julgados nem que seja por 3 a 5 % da população. Nem que seja por um só voto".

2 Comments:

Anonymous maria said...

a bem dizer votamos às cegas : eles têm para lá um programa , não é? que supostamente era o nos levaria a decidir. até hoje não vi nenhum partido cumpri-lo nem ser punido pelo não cumprimento. ora , se votamos azul e depois sai amarelo , diga lá para que votar? para ficar bonito na fotografia ?
o nosso voto já só serve para mudar as moscas , é o que é. tristeza.

8:26 da tarde  
Blogger Biranta said...

Finalmente um texto que aborda a questão da abstenção e seus motivos, QUASE, correctamente.
Veja ESTE TEXTO que escrevi no meu blog e perceberá que temos opiniões quase coincidentes sobre o assunto.
A Maria coloca a questão correctamente; da mesma forma que a colocam MUITOS outros abstencionistas e até alguns que o não são.
A meu ver, a solução passa pela VALORAÇÃO DA ABSTENÇÃO, como explico neste outro tecto.
Os políticos nunca irão alterar o sistema nem a sua forma, absurda, cretina e destuidora, de actuar, SE NÃO FOREM OBRIGADOS A ISSO.
Eles ignoram os problemas dos cidadãos, os individuais e os colectivos, mas depois acham que tem o direito aos votos. E se a gente não vota é estigmatizado, de FORMA NAZI, pela propaganda deles; para além do facto de eles se apropriarem dos votos QUE NÃO LHES DEMOS... de forma nazi.

10:30 da manhã  

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