domingo, janeiro 16, 2011

O POVO E A POLÍTICA

Uma média entre 600 e 800 mil espectadores assistiram aos debates e às entrevistas de Judite de Sousa aos candidatos presidenciais. Mais de um milhão e duzentos mil assistiram à conversa entre a mesma jornalista e o psiquiatra Carlos Amaral Dias a propósito do assassinato de Carlos Castro em Nova York. Independentemente do nível da campanha eleitoral e, até mesmo dos candidatos à presidência da República, estes números demonstram o interesse menor que os portugueses prestam à política. As consequências são depois mais preocupantes, a comunicação social baixa os seus níveis de informação e vai atrás do interesse demonstrado pelo público e dos números das suas audiências sem se preocupar minimamente com as causas nefastas pelo seu comportamento em termos de formação e desenvolvimento de sociedade. “O público quer, nós transmitimos”, apregoam o lema com a justificação descarada de assim cumprirem com a prestação de um serviço público. Nem sequer vale a pena debater o problema a propósito do assunto tais as discussões e análises que já foram feitas ao longo de tantos anos por toda a gama de especialistas nesta matéria. O caso pode até nunca ter solução, pelo menos enquanto a comunicação social e, em especial o jornalismo, forem encarados como um outro qualquer negócio e a ele tenham acesso para os dominar gente sem outro tipo de preocupação que não a facturação ou simplesmente a manipulação. Entretanto…o povo embrutece ou adormece.

Não é por acaso que merecemos os políticos que temos, que nos enganam, que nos exploram e até que nos roubam. Eles lá estão porque o povo não se interessa pela política, não lhe presta a atenção merecida, não medita sobre ela, a despreza e acha que ela só diz respeito aos políticos, doutores, jornalistas e sindicalistas. O povo não se quer esforçar e também não quer estudar e nem pensar o porquê da política e dos políticos serem estes que pouco nos servem ou nos prejudicam. Mas queixa-se e até sabe que, quem não estuda não aprende. No entanto fica sentado à frente da televisão à espera que lhe resolvam o problema sem que ele próprio faça o mínimo para mudar o que quer que seja. Não se interessa pela política e por isso a política lhe há-de dar o tratamento adequado com o mesmo desprezo com que ele despreza a política.


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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA