A manipulação feita pelo jornalismo português para além de preocupante e demagógica tornou-se também altamente nojenta. O caso
REFORMA DE MANUEL ALEGRE é um bom exemplo. Lamenta-se que para além dos jornalistas também políticos com altas responsabilidades como Marques Mendes afinem pelo mesmo diapasão ao ponto de irem contra os seus próprios direitos com o intuito de ganharem mais uns tostões na venda dos seus pasquins ou pela conquista de mais uns votos junto do povo mais ignorante e estupidificado. Por acaso o deputado
Manuel Alegre não trabalhou ao longo dos anos descontando para a segurança social e não atingiu agora a idade da reforma? Por acaso não usufrui de um direito seu? Quem tivesse lido a notícia do
Correio da Manhã ficaria com a ideia que o deputado socialista tinha conquistado uma reforma por ter trabalhado apenas 3 meses nos quadros da RDP. Tal como diz muito bem na edição de ontem do jornal “O Público” a colunista São José Almeida,
“para muitos dos ignorantes e presunçosos jornalistas portugueses, que têm uma espécie de Salazar na cabeça, o político é sempre um criminoso, que não tem direito a nada. É este clima de desvalorização da política que devia preocupar os deputados e as elites politicas em geral…como modo de dignificar a democracia e até de a preservar.”
Já há algumas semanas atrás, desta vez o jornal
“24horas” também se deu ao desplante de publicar em manchete os valores que os profissionais da
RTP iriam usufruir durante a sua estada na Alemanha na cobertura do Mundial de Futebol. Que se saiba, a administração da televisão pública propôs aos seus profissionais um contrato especial de forma a evitar o pagamento de 8horas extraordinárias em média por dia durante todo o evento, as horas extraordinárias de 10 dias de folga e de 3 feriados, o subsidio referente aos cerca de 12000kms percorridos de carro por aqueles profissionais de forma a que tal contrato fosse menos oneroso para a
RTP do que se aqueles trabalhadores fossem deslocados sujeitos pelo seu contrato normal do dia a dia. O jornal não se preocupou em fazer essas contas mas procurou alimentar a polémica ouvindo gente bastante suspeita como a jornalista
Manuela Moura Guedes, funcionária de TVI, mulher do Director daquela estação que no passado também foi director da televisão pública e que fez um contrato bem avantajado aquando da sua saída da RTP em jeito de “indemnização especial”, ou indo ouvir o Director de informação da SIC, o Sr.
Ricardo Costa, que se mostrou muito indignado com o assunto chegando ao ponto de declarar que "
os profissionais da sua estação se tinham deslocado à Alemanha por gozo." Confesso que não estou lá muito disposto a trabalhar por gozo até porque sempre que me desloco ao supermercado não compro nada com o gozo nem pago as minhas contas com gozo. Costumo gozar mais mas quando me venho. Gozaria também se o Sr.
Ricardo Costa e a Sr.
Manuela Moura Guedes divulgassem os seus ordenados e mordomias mensais e se explicassem em que condições trabalham os jornalistas das suas redacções sobretudo dos estagiários que ali laboram. Já agora, o jornal
“24 horas” poderia fazer o mesmo em relação aos seus quadros.
Tudo isto faz-me lembrar aquela velha história em que um português e um canadiano estão juntos e ambos vêem passar um indivíduo num carro luxuoso. O canadiano diz então,
“hei-de ter um carro igual àquele”. Por outro lado o português disse de seguida,
“hei-de sacar o carro àquele gajo”
Ontem em conversa com um amigo meu falávamos das virtudes e dos defeitos do nosso país. Dizia-me ele,
“nós temos cá muitas coisas boas por tanto não se queixe.” Estou de acordo mas há uma diferença substancial em relação a certos países mais civilizados e desenvolvidos que nós, enquanto que por aqui as coisas boas não suplantam as más, nos outros países as boas destacam-se mais que as más.