segunda-feira, março 26, 2007

À CONQUISTA DO ESTADO

“Nunca ninguém conseguiu definir satisfatoriamente o chamado serviço público de televisão. Por um bom motivo, o serviço público de televisão é um eufemismo para o domínio do governo sobre a televisão. O que devia bastar para que ele se abolisse.”
São palavras de Vasco Pulido Valente na sua ultima crónica de sábado no jornal “O Publico”.
No derradeiro mês VPV escreveu duas vezes fazendo o elogio de Paulo Portas e duas vezes criticando severamente a RTP pondo em causa a sua existência mais concretamente o seu dever de prestação de serviço público. O país., segundo o historiador, parece ter o seu futuro dependente da ascensão de Paulo Portas e da abolição da estação pública. O problema não está em VPV pensar desta forma mas sim na campanha que desde sempre surgiu na imprensa privada, sobretudo no jornal de Belmiro de Azevedo, contra os bens públicos como é por exemplo no caso da televisão do Estado. Diz um ditado popular, que “água mole em pedra dura tanto dá até que fura” e o que preocupa é que no caso concreto, este tipo de conversa de meia dúzia de cronistas que, têm o privilégio de escrever nos jornais que a classe politica mais consulta e por onde muitas vezes se guia porque ausência grave de ideias próprias, pode originar danos graves nos cérebros desta ou dos futuros governantes e levá-los a decisões altamente prejudiciais ao bem publico.
É importante que se discuta sobre as obrigações e a gestão do serviço público mas não nos termos perversos e muitas das vezes suspeitos como tem acontecido com estas mentes neo-liberais potencialmente frustradas, pessimistas, derrotistas mas ao mesmo tempo privilegiadas e confortavelmente acomodadas na vida.
A grande questão, diga-se que legitima, é encontrar a fórmula ideal para se evitar a governamentalização de certas instituições como por exemplo no caso particular na comunicação social do Estado. É aí que deveria residir a discussão pública e seria com certeza mais saudável e proveitosa.
Os portugueses saberiam acolher com agrado a iniciativa de um pacto de regime fundamental que contemplasse regras muito precisas para o serviço público de rádio e televisão, como por exemplo no que toca à tal desgovernamentalização da RTP, que passaria necessariamente pela nomeação dos seus gestores por entidades credíveis e independentes. Só aqui se encontrariam as maiores dificuldades.
De resto e ao contrário do que se possa pensar e se quer transmitir, não é assim tão difícil construir-se no futuro, apesar do tempo que já se perdeu, um verdadeiro serviço público de rádio e televisão. Bastará que na televisão e na rádio do Estado trabalhem os melhores profissionais, que as regras da sua admissão sejam exigentes e transparentes, sujeitas a concurso público, e que eles próprios participem activa e criativamente nos destinos da Empresa. São os profissionais que fazem as empresas e quanto mais capacitados eles forem mais garantido estará o futuro destas. Com os melhores profissionais do mercado far-se-á consequentemente televisão de qualidade, quer se produza uma peça de teatro, um telejornal, um telefilme ou uma transmissão de futebol. O serviço público surgiria aos olhos de todos naturalmente e os portugueses agradeceriam.
Por outro lado, não nos venham também limitar a discussão do serviço público de televisão à existência nesta de transmissões de jogos de futebol, isso é simplesmente querer deitar-nos poeira para os olhos. Alguns intelectuais, por demonstrarem aversão ao futebol, acham que este quando emitido não cumpre as regras, só por eles estabelecidas, e que portanto tais transmissões não fazem parte do chamado serviço público. Esquecem no entanto que não é por acaso que a generalidade da imprensa privada dá também grande destaque informativo àquela modalidade nas suas primeiras páginas, inclusive na imprensa considerada de referência que tais intelectuais utilizam quer como consulta, quer como veículo de transmissão das suas ideias. O que o é importante para o público é que tudo se faça com rigor, transparência e elevada qualidade. Para que tal aconteça é apenas necessário criar regras, investir, juntar os melhores e impor o bom senso.
O problema do serviço público é exclusivamente político. O Estado é nosso, compete-nos defendê-lo, torná-lo competente e não aboli-lo porque essa é a nossa obrigação mas mais, é sobretudo uma garantia para o nosso bem. Não está nas mãos da iniciativa privada a salvaguarda do nosso futuro mas sim e principalmente em nós próprios. Ter a capacidade de gerir os nossos destinos é evitar o suicídio colectivo.

terça-feira, março 20, 2007

TOCA A RECOLHER

Já tinham arrumado as roupinhas de inverno?

domingo, março 18, 2007

O PUBLICOZINHO

A nova época da Fórmula 1 arrancou. Pela primeira vez, e desde há muitos anos, o público português tem agora que pagar para assistir a esta competição do campeonato do mundo. O monopólio da Sportv reforçou-se depois da lamentável desistência da RTP. Alguém consegue explicar porque é que o campeonato do mundo de futebol é considerado serviço público e, como tal obrigatoriamente transmitido em canal aberto e o campeonato do mundo do topo do automobilismo não é? As minorias nunca foram público.

quinta-feira, março 15, 2007

A TELEVISÃO PORTUGUESA

Na passada semana a RTP completou 50 anos de emissões regulares. Festejou-os com pompa e circunstancia como de uma maneira geral o faz qualquer cidadão quando comemora meio século de existência. Ao longo de todos estes anos crescemos também com a televisão pública. Com ela aprendemos e desaprendemos, sorrimos e emocionámo-nos, irritámo-nos e também aplaudimo-la, vivemos de tudo frente ao écran. A RTP e tal como a generalidade de todas as televisões do mundo, ofereceu-nos do melhor e do pior. Está na nossa vontade sabê-la usar como está nas mentes de quem nela manda saber aliciar ou alienar. A televisão tem um mistério, a generalidade das pessoas fala mal dela mas todos a querem ver.
A RTP está em festa mas nem por isso deixou de ser o “bombo da festa” às mãos dos mesmos maldizentes de sempre e aos suspeitos do costume, mais manipuladores do que a própria RTP que tanto acusam de manipuladora. Na primeira linha está sobretudo o jornal “O Público” com o seu director, José Manuel Fernandes, o seu critico de televisão, Eduardo Cintra Torres e os seus cronistas, Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente. Cada um no seu estilo próprio e que talvez, quer pelo seu comportamento habitual ou pelos particulares interesses de que são habituais e acérrimos defensores, não mereçam qualquer crédito naquilo que dizem, ou seja, seguindo o provérbio popular, talvez fosse preferível, “deixar os cães ladrar enquanto a caravana passa”. Mas os “cães de guarda” mordem e são raivosos logo há que defendermo-nos da matilha.
Todas estas personalidades em determinadas alturas das suas vidas já “mamaram” na “teta” do Estado que agora tanto criticam.
José Manuel Fernandes não merece especiais comentários, aquele que já por várias vezes foi comentador da RTP e que nessa altura nunca atacou a estação pública, espuma pela boca agora que não surge nos écrans da televisão sobretudo porque o jornal que dirige está em guerra aberta com a televisão do Estado. Quando os interesses particulares se sobrepõem ao interesse geral não vale a pena dar grande atenção a este tipo de gente já para não falar no estilo medíocre dos editoriais deste jornalista, ex-figura da extrema esquerda portuguesa e agora conotado com vários interesses sobretudo daqueles ligados ao mundo da alta finança ou da politica externa norte americana. Coitado, tenta fazer pela vida como tantos outros, se não fosse assim como é que este tipo de gente se governaria?
Também não valerá muito a pena gastar energias a ler a opinião televisiva de Eduardo Cintra Torres. Mantém um ódio visceral à estação pública para quem já trabalhou na feitura de uns documentários que pelos vistos não ficaram na história da televisão em Portugal. Se todos os seus projectos apresentados aos programadores da RTP fossem aceites talvez o senhor não escrevesse nada daquilo que actualmente redige. Ter uma personalidade honesta é tarefa para muito poucos.
Quanto a Pacheco Pereira, a raiva que denota à comunicação social do Estado já vem de longe, excepto quando militava no MRPP e apregoava a colectivização de todos os bens da sociedade. O homem mudou radicalmente mas manteve-se radical e ainda mais fanático resvalando mesmo para o estado doentio. Agora vomita contra a comunicação social do Estado e só vê virtudes na iniciativa privada. Critica a manipulação da RTP mas ele próprio manipula os seus leitores senão atente-se em alguns pormenores na sua crónica no jornal “O Publico” sobre os 50 anos da RTP:
“O país ficava muito melhor sem televisão pública, o que inevitavelmente irá acontecer a prazo, com o inevitável atraso com que fazemos estas coisas, e depois de muitos milhões de euros de dinheiro gastos em vão”. O Pacheco aponta o nosso atraso nestas coisas mas não nos diz quais são os países do mundo mais apressados e desenvolvidos que tenham prescindido da sua estação pública de televisão. Que se saiba, nenhum. Se isto não é manipulação, PP deveria tentar explicar-nos o que entende por manipulação e isenção. Mas Pacheco diz mais:
“ Vale sempre a pena repetir que não há nada que a RTP hoje faça, mesmo como instrumento da política externa, que se não possa contratualizar com as privadas, com muito menos custo e muito mais controlo. Pode-se garantir serviço público sem televisão pública, sem televisão do Estado”.
Ou seja, Pacheco acha que o Estado deve pagar aos privados para que eles façam serviço público. Quem é que lhe disse que é vocação dos privados fazer serviço publico? E quem é que lhe disse que os portugueses querem que os privados façam e acreditem na qualidade desse serviço publico? E o que entende por serviço público? Será televisão feita por amadores e gente barata em que os privados gostam muito de apostar para conter custos? "...Com muito menos custos..." mas à custa de quem? Das condições precárias dos trabalhadores dessas estações privadas de televisão? Por acaso o Pacheco Pereira já procurou investigar em que condições laborais funcionam os trabalhadores dessas empresas? Talvez não, PP só lida com administradores, directores e ½ dúzia de jornalistas bem colocados no sistema e na engrenagem. Não repara naqueles que tratam do seu áudio da sua cenografia ou da sua imagem. “…Com muito mais controlo…” Mas a que tipo de controlo se refere Pacheco Pereira? À manipulação agora feita e paga às entidades privadas de televisão? PP não quer o Estado mas quer o Estado a pagar e a controlar. Pacheco Pereira é o exemplo acabado do liberal ditador. E PP continuou:
“Quanto ao entretenimento, em particular as doses maciças de futebol, o seu papel circense é conhecido como forma de distracção cívica…”
Pacheco Pereira sempre teve um problema com o futebol de que o povo tanto gosta, Pacheco é o liberal que quer impor ao povo aquilo que o povo não quer. Pacheco pensa que a nível do desporto a RTP só transmite futebol. Ainda não reparou que a estação pública divulga também as modalidades desportivas amadoras que nenhuma estação privada de sinal aberto faz questão em emitir porque lhes não são rentáveis. Por falar em doses maciças, PP já terá reparado nas edições do jornal de "referência"(?) onde escreve que em 12 páginas de actualidade 5 são dedicadas ao desporto e 7 às notícias de Portugal? Que percentagem representa no seu todo tal volume de noticias sobre desporto? São contas que também não se preocupou fazer porque são contas simples, prefere destacar que o serviço publico de televisão custa milhões ao Estado mas é incapaz de ser prático dizendo que o serviço publico de televisão feito pela RTP custa menos que 25 euros por ano, cerca de 2 euros por mês a cada português. Falar de milhões impressiona sempre mais. Não se tratará também de mais uma forma de manipulação saloia da opinião pública? Que estilo de isenção e rigor defende PP para os órgãos de informação? Uma conduta semelhante à sua em que colaborando assiduamente numa estação de televisão privada critica amiúdas vezes a televisão do Estado? Pacheco Pereira, que quer fazer passar uma imagem de personalidade independente, é perigoso porque manipula nos jornais e na televisão, porque milita num partido, o PSD, e para o qual escreve actualmente o seu programa politico de futuro e ainda porque tem um blog relativamente influente onde não admite comentários dos leitores publicando apenas os mails que lhe são enviados e que posteriormente escolhe conforme os seus interesses.
Por último, um reparo à critica feita por Vasco Pulido Valente. No dia 7 de Março o homem acordou indisposto e impressionou-se com as festividades da RTP. Vai daí arrasou completamente a estação. Sem dó nem piedade e de alto a baixo. Em 50 anos de emissões, VPV nunca viu nada de bom nos écrans da televisão. Nunca assistiu a um debate ou a uma entrevista interessante, nunca se sentiu informado por breves segundos, nunca se admirou com um espectáculo de qualquer tipo, nunca se emocionou com uma transmissão. VPV tratou a RTP como uma estação amadora e de amadores. Desprezou os seus profissionais que nela trabalharam e trabalham e não reconheceu competência a qualquer um deles só pelo simples facto de eles terem a “infelicidade” de trabalharem para o Estado.
No dia do seu aniversário parece que a RTP arrasou a concorrência em audiências, (há quem nesse dia tenha deselegantemente gasto bem mais para fazer um espectáculo grandioso mas sem resultados práticos). O público aderiu à festa, reconheceu que aquela é uma televisão com história e percebeu que aquela estação mesmo não sendo perfeita, longe disso, é ainda a televisão dos portugueses porque é do Estado e que o Estado por enquanto ainda é português. Existe público que dispensa 4 horas seguidas de telenovelas no seu "prime-time", que dispensa os intervalos enormes de publicidade e de venda da "banha da cobra" de que as estações privadas precisam para sobreviver e que se calhar não se importa de pagar cerca de 2 euros por mês para ter uma alternativa. É preciso que fique claro que, ao contrário do que se pensa, os tais contribuintes de que tanto falam também pagam as estações privadas e que não têm nenhuma garantia de isenção e independência nem tão pouco de qualidade na sua programação. Há bastantes exemplos que o demonstram. Deixem-nos então viver com tudo isto e não nos venham os “modernos liberais” impor só uma única via. Deixem-nos escolher e decidir. Que se saiba o povo português ainda não exigiu a privatização da RTP.
A estação pública faz 50 anos. Pelo menos fica-nos bem dar os parabéns à maioria dos seus profissionais e pedir-lhes que tentem respeitar sempre o público procurando para tal ser excelentes profissionais. Se assim for há já alguma garantia de serviço público.

sábado, março 03, 2007

ISTO É UMA ESPÉCIE DE MAGAZINE

O país anda entretido. A OPA da PT diverte os parolos. Joga-se o monopólio. Quem vai ficar ainda mais rico? O Belmiro de Azevedo ou os grandes accionistas da PT como o BES ou Joe Berardo? Todos prometem milhões aos simpatizantes das suas causas. Depois na hora de pagar vão ter que reduzir custos na empresa. Como? Como sempre, despedindo mais uns trabalhadores e explorando os restantes. Em termos gerais a comunicação social promoveu condignamente o festim. O jornal de Belmiro, "O Público", demonstrou neste capitulo o seu "rigor, isenção e bom senso". Na sua coluna de última página, "EM ALTA E EM BAIXA", numa semana colocou em "EM BAIXA" o actual administrador da PT e adversário da Sonae, Henrique Granadeiro, e na seguinte colocou "EM ALTA" Paulo Azevedo, o filho do patrão. Porque é que os jornais estão em crise? Será só por causa das novas tecnologias?

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