segunda-feira, novembro 27, 2006

SURREAL

Mario Cezariny morreu este domingo. A SIC Noticias exibiu uma “peça” a propósito da sua morte integrando nela um único depoimento acerca do desaparecimento do pintor e poeta. Imagine-se de quem? Cavaco Silva. Lá para os lados de Carnaxide aquelas pensantes cabeças do jornalismo português não poderiam ter escolhido melhor personalidade da cultura portuguesa para falar acerca de Cezariny. E o que dizer das eloquentes palavras do Aníbal?
-“Não estava à espera. Até porque um dia destes o vi na televisão”.
A SIC Comédia na SIC Noticias.

sábado, novembro 25, 2006

A FRAUDE

Imagine-se que por qualquer razão Portugal e os portugueses desapareceriam do mapa e que uma qualquer individualidade teria a possibilidade, quer pelo poder económico quer pelo poder politico, de adoptar por simpatia o nome de Portugal para uma qualquer região do globo e ao mesmo tempo que passaria a chamar de portugueses os seus concidadãos. Até aqui, mesmo que parecendo estranho, a situação poderia ser aceitável. O que não estaria correcto era que esse novo país e esse novo povo adoptassem também toda a história do Portugal original como se essa história fizesse parte do seu próprio passado quando afinal a única história em comum era apenas e só o próprio nome. Se assim não fosse estaríamos como se compreenderá perante um caso de falsidade e de fraude.
Fraude é exactamente a palavra mais correcta para designar em relação ao que se passou durante esta semana. Não se trata de nenhuma fraude económica como tantas que fazem parte do nosso dia a dia. É bem mais grave, trata-se de uma fraude histórica.
Em 1930 surgia em Portugal uma estação de rádio privada à qual deram o nome de RÁDIO CLUBE PORTUGUÊS. Atravessou toda a época do Estado Novo, e nela ficaram registados momentos especiais desse período histórico entre os quais se destaca a leitura dos comunicados do movimento das forças armadas que derrubou o regime na madrugada do 25 de Abril de 74. Por ali passaram também muitos dos profissionais de referência do entretenimento e do jornalismo português. Decisões políticas de vária ordem no âmbito da comunicação social fizeram com que aquela estação fosse nacionalizada e mais tarde denominada de Rádio Comercial. Em 1975 o RCP acabara de morrer. A história do RCP tinha chegado ao fim. Ficaram apenas para a posteridade as suas memórias.
Nos anos 90 o fenómeno rádio voltou a assistir a um novo “boom”. O surgimento das rádios locais e regionais obrigadas por lei a certas responsabilidades e a um caderno de encargos que aos poucos e poucos foi ignorado e desprezado pelas autoridades competentes, melhor dizendo, incompetentes. O poder económico foi descobrindo ali, adoptando algumas modificações no âmbito dos seus interesses estratégicos, mais uma possível fonte de receitas e até de movimentação política ou de criação de “lobbies” com diversos objectivos. Ficaram esquecidos os interesses das populações locais para as quais as rádios deveriam estar vocacionadas especialmente no âmbito informativo e cultural como inicialmente lhes era imposto no tal e esquecido caderno de encargos. Foram muito poucas e aquelas que mantiveram a mínima qualidade exigível e os objectivos para as quais foram criadas, destaque-se aqui um dos raros casos de maior sucesso, a TSF. Entretanto os alvarás foram prorrogados como se tudo se mantivesse na mais perfeita das normalidades.
Numa dessas frequências locais da região de Lisboa, acabou por ser ocupada por uma estação de rádio que no seu princípio patenteou algum interesse, sobretudo na sua fase “pirata” com um elevado grau de profissionalismo. Tratava-se da “Correio da Manhã Rádio” ligada aos proprietários do jornal com o mesmo nome. Num polémico concurso para a atribuição de uma frequência regional, mais abrangente, aquela estação viria a ganhar a referida frequência em detrimento da TSF. Não interessa agora trazer para aqui as contingências que envolveram este concurso. A “Correio da Manhã Rádio” cresceu mas ao mesmo tempo foi perdendo a graça que tinha no projecto inicial. Não teve mais tarde “pernas” para acompanhar outros projectos mais consistentes e melhor preparados. Caiu em desgraça. Os seus profissionais foram aos poucos abandonando-a, passou de mão em mão transformando-se mais tarde numa emissora divulgadora de musica nostálgica adquirindo mesmo o nome de Rádio Nostalgia. Entretanto um grupo económico de comunicação, a Media Capital, adquiriu várias estações de rádio de entre as quais esta mesma Rádio Nostalgia. Dado os fracos resultados em termos de audiências e consequentemente em receitas publicitárias, o proprietário da Media Capital, Miguel Paes do Amaral, entendeu procurar uma outra solução para salvar a sua Rádio Nostalgia. Imaginou um projecto e resolveu comprar o nome Rádio Clube Português e transferi-lo para a Rádio Nostalgia. O nome está no “ar” há já alguns meses mas a concretização do projecto, que já teve vários recuos, anuncia-se lá para o início do próximo ano. Perante tudo isto impõe-se perguntar, mas o que é que esta estação tem de comum com o antigo Rádio Clube Português? Rigorosamente nada, a não ser o nome que foi comprado, o passado de ambos nem sequer se cruzam.
Pois esta semana e aproveitando a efeméride de que, se o antigo RCP ainda existisse comemoraria os seus 75 anos de idade, o novo RCP fazendo um aproveitamento no mínimo desonesto entendeu, com o intuito comercial de lançar o seu novo projecto, fazer a propósito uma emissão muito especial assumindo-se como proprietária de toda a história passada do antigo e defunto RCP. Mais grave ainda, nesta emissão especial participaram no engodo altas individualidades do país, desde o Presidente da República, passando pelo Primeiro Ministro e Presidente da Comissão Europeia para além de historiadores, cientistas, sociólogos, políticos, jornalistas etc etc. Ninguém denunciou a fraude.

domingo, novembro 19, 2006

PORTUGUESES DE CABEÇA BAIXA

Até os cães dos portugueses são diferentes dos cães dos países civilizados do resto da Europa. Por exemplo, na Alemanha fiquei muito espantado quando pude verificar o tratamento de que eram alvo os cães. É certo que eles tratam melhor os animais do que no passado trataram alguns povos mas isso já lá vai. Ali, nunca vi um cão abandonado, vi-os entrar em hotéis, centros comerciais e lojas sempre acompanhados pelos seus donos, um caso que à partida me incomodou mas que depois me habituou a encarar melhor a situação. O asseio dos locais mantinha-se impecável e ninguém se sentia perturbado por tal relação com os ditos animais. Nunca vi nem nunca tropecei numa bosta de cão. No nosso país passa-se exactamente o contrário. Para além de uma grande maioria de animais abandonados os portugueses ultimamente sentem-se na obrigação de andar de cabeça baixa e tal não se deve simplesmente ao facto de as contingências da vida assim o exigirem. Não, os portugueses andam de cabeça em baixo para não pisarem a merda de cão abundantemente espalhada pelos nossos passeios. A situação agravou-se agora com as ultimas chuvas, a merda desfaz-se e alastra por todo o lado. É sempre a mesma merda e é merda a mais.

sábado, novembro 11, 2006

POBRE POVO

Angola comemora hoje o dia da Independência. 500 anos de colonialismo, 31 de desgraça e nenhum de aprendizagem. O meu bilhete de identidade ainda mantém, tal como na era colonial, raça branca. Para que não haja confusões, isto é por o preto no branco. Já vai sendo tempo para ter mais juízo e sapiência. Com pequenas alterações de alguns conceitos talvez as consciências melhorassem. Pelos vistos só daqui a mais 500 anos.

SESTA NA FESTA

Quando a classe dirigente de um país mostra ser mal educada tal só pode resultar num povo malcriado. As câmaras de televisão mostraram-no. No congresso do Partido Socialista que se está a realizar em Santarém, enquanto Helena Roseta discursava para os congressistas, na mesa da presidência onde se encontrava José Sócrates, víamos um qualquer militante em pé com segredinhos dirigidos ao primeiro ministro e que ao mesmo tempo se divertia à risada com Almeida Santos e Carlos César. Sócrates pode estar-se a “marimbar” para as criticas e propostas da militante Helena Roseta o que não pode, porque tem altas responsabilidades, é demonstrar a mínima falta de civismo e deve inclusive chamar a atenção dos seus “lambe-botas” para o facto.
Não é por acaso que Manuel Alegre não pôs lá os pés. Como por enquanto ainda estão no poder e o barulho da “festa” da vitória eleitoral ainda se mantém, eles não conseguem ouvir mas também já começam a ficar cegos.

domingo, novembro 05, 2006

LIGAÇÕES PERIGOSAS

Foi interessante ouvir os autores do programa Eixo do Mal da SIC Notícias falarem a propósito das investigações de que é alvo em Espanha o BES. Espantou verificar a facilidade com que criticaram as acções daquela entidade bancária, as ligações perversas dos grupos económicos com os da comunicação social, os receios dos jornalistas e a sua falta de protecção quando se lançam na investigação de casos de corrupção de “colarinho branco". Quando falaram das empresas que retiram publicidade aos órgãos de informação colocando em causa essas mesmas empresas é que se percebe porque é que os críticos do programa se sentiram tão à vontade a falar daquele assunto. Há alguns meses atrás, na altura do caso “Mensalão”, o BES que também aparecia envolvido no caso, entrou em litígio com o “Expresso” e como represália retirou os seus investimentos publicitários daquele semanário, um jornal do grupo “Impresa” ao qual também pertence a SIC Noticias onde é produzido o programa. Era interessante saber se em causa estivesse uma investigação a um dos órgãos de informação do grupo “Impresa” ou mesmo da “Sonae”, grupo para quem colaboram dois dos autores do programa, se o mesmo à vontade com que falaram do assunto se manteria. Desconfio. Já que estão tão preocupados com a independência dos órgãos de comunicação social face ao poder económico, poderiam ter aproveitado a ocasião para falar sobre as declarações no próprio dia à Antena 1 de Pacheco Pereira e que, agora foi designado pelo PSD para reescrever o programa politico do partido social-democrata para os próximos anos. O Sr. Pacheco afirmou que Portugal é pouco liberal em termos económicos e que uma das primeiras salutares medidas era proceder de imediato à privatização de TODOS os órgãos de informação do Estado. Aliás, esta é uma velha obsessão perigosa deste militante social-democrata, colaborador permanente da SIC, estação de televisão pertença do militante numero um do PSD. Já que o programa “Eixo do Mal” levou a efeito uma eleição no sentido de se encontrar o pior português de sempre aqui vai o meu voto para Pacheco Pereira porque desconfio que o tipo é um conservador norte-americano com BI português tornando-se um real perigo para a democracia portuguesa já que é o autor do programa politico de um partido com fortes probabilidades de chegar ao poder e os seus ideais serem postos em prática ou seja, de um momento para o outro, tornarmo-nos escravos e dependentes de uns tipos com dinheiro a quem nunca poderemos fazer frente em vez de uns cidadãos com a possibilidade de através do nosso voto castigarmos quem gere mal as nossas vidas profissionais.
Para terminar aproveito também para eleger o décor do programa “Eixo do Mal” como o pior cenário dos programas da televisão portuguesa.

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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA