quinta-feira, novembro 29, 2007

TRÁFEGO A MAIS

Inicialmente o governo começou por decidir unilateralmente que o novo aeroporto deveria ser na Ota. A Confederação Industrial Portuguesa fez depois um estudo e concluiu que em Alcochete é que era porreiro. Agora veio a Associação Comercial do Porto dizer que o Aeroporto de Lisboa deveria ser a Portela+1. Só falta, um dia destes, a Sonae de Belmiro de Azevedo vir dizer-nos que, o ideal mesmo, era o Aeroporto da capital ser construído em Gaia. Mas a que propósito entidades privadas fazem estudos sobre questões estratégicas para o país sem que alguém lhes tenha encomendado o serviço? Não caberá ao Estado accionar os canais próprios para definir o que mais interessa a Portugal? O povo português terá entregue a condução dos seus destinos a Francisco Van Zeller da CIP ou a Rui Moreira da ACP? Não nos lembramos que nas últimas eleições alguém tenha votado neste tipos.

quinta-feira, novembro 22, 2007

A SELECTA DEMOCRACIA

Mais uma de Pacheco Pereira dita num debate “muito abrangente” na sua estação de televisão, a SIC de Pinto Balsemão em que participavam também Jorge Coelho e Lobo Xavier. A propósito das relações económicas de Portugal com outros países, nomeadamente a Venezuela, que muito incomoda PP (Pacheco Pereira), conseguiu introduzir no meio da conversa mais um ataque à televisão pública. Criticou a RTP que, por interesses do Estado português, ainda não promoveu um debate a propósito da situação em Angola e das nossas relações com a nossa ex-colónia. Convém dizer que talvez seja pela mesma razão que o não fizeram também as estações de televisão privadas porque estas representam os interesses económicos de muitos privados portugueses com interesses em Angola. No final do debate, nem de propósito, a SIC emitiu uma autopromoção com as figuras mais marcantes da sociedade portuguesa que por ali passaram. Quem eram as personalidades? Medina Carreira, Jardim Gonçalves, Fernando Ulrich, José Sócrates e Bagão Félix. Um leque muito diversificado numa estação de televisão muito “democrática”. Não há quem represente melhor a democracia portuguesa.

quarta-feira, novembro 21, 2007

PORTUGAL NÃO EXISTE

A maioria das pessoas fica muito surpreendida quando alguém diz que, até poderíamos viver melhor se não estivéssemos integrados na Comunidade Europeia. Nos tempos que correm afirmar tal coisa é mesmo considerado uma blasfémia. Talvez seja verdade dadas as circunstâncias mas também seria importante perceber os porquês de tamanha dependência e questionarmo-nos se não existiriam alternativas. Vejamos, a França, a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Holanda, a Bélgica e outros não seriam igualmente países desenvolvidos caso não pertencessem à Comunidade? Colocando a questão de outro modo, não existem países dentro e fora da Europa que não fazendo parte de qualquer comunidade gerem eficazmente os seus recursos e os seus destinos? Sabemos que os há, bastantes. Portugal poderia ser um desses países. Podia mas não sabe como nem nunca foi capaz de se preparar para tal. Porquê? Apesar dos gloriosos tempos do seu passado longínquo os portugueses foram-se habituando a deixar de aprender, a liderar nobres causas, a investir inteligentemente e a lutar com dignidade. Os portugueses optaram antes por se “encostar” a quem julgam ser os seus poderosos protectores e assim jogarem toda a sua esperteza saloia nesse factor. Portugal é aliado e está presente quando lhe convém e é discreto ou ausenta-se quando acha que isso lhe pode ser prejudicial no imediato. Sempre que duas forças antagónicas se confrontam, Portugal procura esquivar-se ou secretamente negoceia com ambas sempre à espera de poder mais tarde vir a colher os seus frutos com qualquer um dos vitoriosos. A nossa história está cheia de exemplos de tal comportamento. Há 200 anos durante as invasões francesas Portugal negociava ao mesmo tempo com as tropas de Napoleão e com o poder britânico. Durante a Segunda Grande Guerra, Portugal colaborou com todos e fosse qual fosse o final da contenda Portugal lá estaria no final a aplaudir os seus novos aliados apresentando a facturazinha. Portugal só sabe andar à boleia. Portugal criou, alimentou e deixou progredir uma casta política de muito fraco nível. É sobretudo por causa dessa medíocre classe politica que Portugal ganha com o facto de pertencer à Comunidade Europeia caso contrário se fossemos exclusivamente governados por ela naturalmente estaríamos numa situação bem pior. Chega-se assim à conclusão que, para nos mantermos na linha temos forçosamente que estar submetidos aos ditames de outros como se de meninos mal comportados se tratasse. Um dia em que a Comunidade Europeia entre em agonia e termine Portugal será dos primeiros a cair em depressão e em desgraça sem saber como sair do caos. Se os dirigentes e os políticos portugueses fossem mais inteligentes, cultos, criativos e competentes na gestão dos seus recursos talvez Portugal não precisasse de aderir ao que quer que fosse e seria talvez capaz de ser um país desenvolvido, próspero e respeitado como outros o são. Portugal opta por continuar “encostado” a quem lhe dá ordens e indicações a troco de uns cêntimos que lhe dão jeito para alimentar as suas miseráveis almas. Portugal na história recente nunca quis fazer frente a ninguém (o caso Timor foi excepção mas sobretudo depois de perceber que a maioria da comunidade internacional denunciava a mesma situação). Portugal preferiu estar na fotografia com os poucos mas poderosos países que entenderam destruir o Iraque. Portugal abraça Hugo Chavez ao mesmo tempo que aplaude Juan Carlos. Portugal faz de conta que não vê os direitos humanos serem violados em África, na China, no mundo árabe ou na Rússia e onde o seu Primeiro Ministro aproveita para fazer o marketing da sua imagem fazendo footing nas suas principais avenidas e praças alheio a tudo o que se passa de mau à sua volta. Portugal não denuncia. Portugal não tem posição, não é nobre. Quando Portugal é designado para ser o anfitrião de encontros políticos da Comunidade Europeia e está em jogo a assinatura de um tratado delineado pelos interesses dos mais poderosos, Portugal só pensa em esforçar-se por agradar a quem o designou para tal tarefa. Portugal não percebe que, determinados países como por exemplo a Polónia, para darem o seu aval fizeram frente aos grandes da Comunidade até verem satisfeitos os interesses dos seus países. Portugal pelo contrário, ficou feliz porque apareceu nas televisões do estrangeiro e porque o tratado vai ter o nome de uma das suas cidades. Portugal é parolo. Portugal não quer por agora ouvir falar em referendos porque os tais grandes da Europa não querem que se perturbe a marcha triunfal dos seus desígnios. Portugal, como sempre, esqueceu de imediato as suas promessas. Portugal é cobarde e mente. Portugal deixou de dar a mão aos portugueses deixando-os de braço estendido para ser apertado pelas manápulas dos mais fortes. Portugal é fraco. Portugal não existe.

quarta-feira, novembro 14, 2007

A GARE DOS ESQUECIDOS

Está decidido, o TGV vai parar na Gare do Oriente. A estação vai precisar de obras apropriadas para receber o comboio de alta velocidade. Convidado para dirigir a obra o arquitecto Santiago Calatrava que planeou no passado a construção da moderna estação de comboios na zona da Expo 98. A escolha do arquitecto espanhol não é contestável sobretudo tendo em conta a sua qualidade. O único senão está no facto que os artistas geralmente vivem sempre um pouco à margem da realidade. O arquitecto Calatrava é um grande artista e arquitecto, desenhou uma estação de comboios muito espectacular e bonita mas pouco prática para os seus utentes. Calatrava não tem que apanhar comboios diariamente para ir trabalhar e acabou por construir uma estação pouco confortável para os passageiros do dia a dia. As plataformas da Gare do Oriente durante o inverno estão completamente desprotegidas do frio e do vento. Espero bem que agora tenham chamado Calatrava a atenção para este facto numa altura em que se vão iniciar novas obras de remodolação para receber o TGV. O problema é quem encomenda a obra geralmente também não frequenta diariamente os transportes públicos e por isso deverão talvez estar esquecidos e afastados da realidade popular.

terça-feira, novembro 13, 2007

NÃO TE CALES


Ainda bem que vão existindo momentos-Chavez protagonizados pelo próprio e não aqueles a que se refere Pacheco Pereira. Hugo Chavez é uma autêntica “picareta” nas cabeças do nosso sistema. Chavez até pode ter os piores defeitos mas o certo é que ele consegue irritar quem nos irrita. Chavez animou o pessoal este fim de semana. Venha o Rei ou venha o Imperador, não te cales “hombre”, fode-lhes a cabeça já que por aqui ninguém tem coragem para tanto.

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  • A MEMÓRIA QUE NÃO SE APAGA