domingo, setembro 07, 2008

UMA TRISTEZA

Paulo Pedroso vai receber do Estado uma indemnização que ronda os 135 mil euros porque, segundo uma juíza, a sua “prisão preventiva foi precedida de erro grosseiro”.
O caso Casa Pia vai certamente ainda surpreender-nos quer o mesmo fique, ou não, em “águas de bacalhau”. Será justo, caso os réus implicados que consigam demonstrar a sua inocência, venham a auferir do Estado português tão magras indemnizações em relação aos danos provocados e que serão sempre irreparáveis perante a importância das pessoas implicadas? É possível que um juiz, Rui Teixeira neste caso, e toda a máquina do Estado, Procuradoria e Policia de Investigação, tenham cometido um erro tão grave de avaliação ou se tenham enganado ao ponto de decretarem uma prisão preventiva de gente tão importante num caso que se tornaria forçosamente tão mediático? Que responsabilidades advirão daí para os seus autores? Ninguém está livre de cometer erros mas, há erros que nunca podem ser cometidos, por isso, as decisões para casos tão importantes para a vida humana não devem estar dependentes de uma única pessoa. Só um conjunto de gente capaz, independente e especializada poderá decidir sem grandes margens de erro.Ninguém pode estar contra a solidariedade de um amigo ou de um camarada de partido como aconteceu com várias personalidades em relação ao deputado e militante socialista Paulo Pedroso. Não choca ver o companheiro de partido José Sócrates congratular-se com a decisão da juíza que deu razão ao seu camarada Paulo Pedroso e decretou o valor da indemnização a pagar-lhe, no entanto, já não é aceitável que o Primeiro-ministro de Portugal “dê pulos de contente” com tal desfecho quando o Estado que ele governa é condenado e julgado como incompetente. Ficaríamos mais confortados se víssemos no Primeiro-ministro português uma preocupação por serem os portugueses a pagar pela incompetência das suas instituições levando-os a desconfiar ainda mais de um dos alicerces mais importantes de um regime democrático, o da Justiça.

terça-feira, setembro 02, 2008

IGUAIS

Agosto parece cumprir a sua tradição no que toca aos assuntos de realce, parece que ninguém quer saber de nada. Este de 2008 não fugiu à regra. De qualquer das formas sempre há a registar um ou outro momento enquanto o pessoal estava a banhos.
O mundo democrático lá esteve em peso nos Jogos Olímpicos de Pequim. Boicotes só para Cuba já que a China é um mercado muito interessante para o negócio e quando assim é não há direitos humanos que suplantem os interesses comerciais inclusive daqueles que se julgam o exemplo mundial em termos de democracia. O povo português, uma vez mais e como sempre, exigiu e crucificou aqueles que não conseguiram vencer as suas provas desportivas. Nos atletas negros que poderiam vencer viu sempre um cidadão nacional ao contrário do que lhe é habitual quando os vê a trabalhar no dia a dia numa qualquer obra e os define como imigrantes ou clandestinos. Os nossos indígenas queriam que todos os atletas nacionais conseguissem aquilo que eles próprios não conseguem na vida, lutar e vencer. Nunca lhes ligaram ao longo dos anos, a não ser aos profissionais do futebol, e nem quiseram saber da dimensão do seu país perante os outros nem tão pouco da política desportiva e de estruturas de que carece o país. O povo quer ganhar sem saber como e quando não ganha sente-se frustrado e cobardemente insulta e agride o elo mais fraco.
Em Agosto, o nosso Primeiro-Ministro ainda aproveitou para uma vez mais com pompa e circunstância mostrar ao país como criou emprego de qualidade e felicidade a mais uns milhares que lá para o norte irão em breve começar a trabalhar num qualquer Call-center da PT. José Sócrates acha que o país está a crescer e a desenvolver-se com este tipo de “fait divert” e tenta por todos os meios ao seu alcance esconder a falta de condições e as situações de precariedade da maioria daqueles que trabalham.
Em Agosto José Manuel Fernandes substituiu os “Gatos Fedorentos” com os seus editoriais de politica internacional no jornal de que é director. Num deles, este “grande pensador” do jornalismo português, mostrava a sua indignação quanto ao facto de empresas angolanas ou cidadãos angolanos poderem tornar-se accionistas maioritários das nossas importantes empresas nacionais. Mas oh José, então tu não és um verdadeiro defensor da lei do mercado e da globalização? Ou essa questão para ti só se deve aplicar quando estão em jogo os interesses dos teus grandes amigos norte-americanos? Se reparares também já existem muitas empresas americanas nas mãos de cidadãos árabes. Não me digas que acreditas na cor do dinheiro? Serás assim tão ingénuo? Nisso não acredito.
De resto em Agosto, o Presidente da Geórgia precipitou o país numa guerra com consequências imprevisíveis arrastando com a sua decisão completamente inoportuna para o mundo ocidental um número indeterminado de vítimas. Americanos e europeus não sabendo como “descalçar a bota” não querem desta vez igual tratamento para as regiões da Abecásia e da Ossétia do Sul como aconteceu com o reconhecimento ocidental da independência do Kosovo. O problema não está na independência daquelas regiões mas sim no facto de tal causa receber o apoio de Moscovo. Definitivamente o Ocidente nunca acreditou na nomenclatura russa.
Por último, Agosto divertiu a comunicação social e os bloguistas com mais uns assaltos à mão armada. Todos falam no reforço da segurança mas ninguém refere a sociedade que se constrói cada vez mais propicia ao fenómeno.
De regresso de férias neste fim de Agosto de 2008 percorrendo os mais diversos blogs dá para percebermos que Agosto é afinal igual a todos os outros meses. Por exemplo, Pacheco Pereira continua a sua cavalgada histérica e doentia contra a televisão do Estado enquanto que por outro lado a líder do seu partido continua calada como se nada se passasse. Venha daí o mês de Setembro.

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